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Investigação • 22 jul 2024
Estudo do Iscte demonstra que jovens imigrantes desempregados reentram mais rapidamente no mercado de trabalho

O estudo “Jovens à procura de emprego inscritos no IEFP: Características, Trajetórias e Colocações”, do Observatório do Emprego Jovem (OEJ) do Iscte e da autoria de Paulo Marques, Maria do Carmo Botelho, Maria da Conceição Figueiredo e de Rita Guimarães, demonstrou que os imigrantes jovens inscritos no Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP) reentram mais rapidamente no mercado de trabalho do que os jovens portugueses. Devido à sua disponibilidade para aceitar trabalhos menos desejados, a duração média de inscrição dos imigrantes jovens é de cinco meses, contra 11 meses dos jovens em geral. 

Paulo Marques, docente e investigador do Iscte e coordenador do OEJ indica que “Estes jovens imigrantes têm, em média, uma boa formação escolar, acedem pouco ao subsídio de desemprego, são absorvidos mais rapidamente pelo mercado e aceitam empregos menos desejados.”.

Os imigrantes jovens desempregados inscritos representavam, em 2023, 18,5% dos jovens desempregados inscritos: é um grupo maioritariamente constituído por jovens oriundos de países de língua oficial portuguesa (64,9%), sobretudo brasileiros, estando concentrados na região de Lisboa. A maioria destes imigrantes concluiu o ensino secundário (63,5%) e apenas um quinto (21,7%) recebia o subsídio de desemprego.

O estudo demonstrou ainda que o setor das atividades administrativas e serviços de apoio – que inclui, por exemplo, atividades como limpezas e serviços de segurança – absorve 35,9% dos imigrantes colocados: como é pouco especializado e recorre fortemente aos contratos não permanentes, é pouco desejado pelos jovens portugueses – no entanto, como os imigrantes têm uma pressão acrescida para encontrar trabalho devido aos requisitos dos vistos de residência e dificuldades económicas, aceitam muitas vezes este tipo de trabalhos.

Segundo a investigação, esta situação gera duas consequências: “os imigrantes estão maioritariamente a suprir necessidades de mão de obra em setores não qualificados – e estes setores conseguem sustentar-se porque recorrem aos imigrantes”, afirma Paulo Marques. “São necessárias políticas públicas que favoreçam melhores condições de trabalho, ao mesmo tempo que o IEFP deverá preparar os seus serviços para melhorar as ofertas de emprego a jovens imigrantes, ajustando-as mais às suas qualificações e levando a que um número maior se possa inserir em setores com maior intensidade de conhecimento, tornando a economia portuguesa mais competitiva.”.

Nas recomendações finais, sugere-se que haja uma maior monitorização dos imigrantes inscritos no IEFP, preparando os seus serviços para atender melhor um grande número de jovens que não fala português. É recomendado também que o reconhecimento de qualificações seja agilizado, procurando aumentar a inserção dos imigrantes em setores económicos que contribuam para a modernização do tecido económico nacional.

Este estudo foi realizado no âmbito do um Contrato Interadministrativo de Cooperação entre o IEFP e o Iscte.

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