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Investigação • 15 fev 2017
Iniciativa-Piloto: curso gratuito para integração de refugiados no ensino superior

O refugiado é aquele que fugiu, abandonou o seu país, pediu ajuda, refúgio. O refugiado não decidiu mudar, aliás sublinhe-se, não decidiu. A integração de pessoas nestas condições torna-se ainda mais desafiante, pois as limitações de quem foge são maiores do que aqueles que por força das circunstâncias têm o poder de decidir mudar.

Viver numa cultura diferente exige integração em diversos domínios e um dos mais importantes passa pela forma de comunicar, em primeira instância. Adaptar-se aos modos de vida, culturais, sociais, políticos e económicos de outro país começa na comunicação e no entendimento.

Foi realizado um curso que procurou, precisamente, apoiar um conjunto de refugiados nesta integração. De 9 de janeiro a 9 de fevereiro decorreu o curso ‘Living in a Different Culture’ que resulta de uma parceria com a Câmara Municipal de Lisboa – Pelouro dos Direitos Sociais -, o CRIA e o ISCTE-IUL (Reitoria, Departamento de Antropologia, Escola de Ciências Sociais e Humanas e Laboratório de Competências Transversais – responsável pelas aulas de português).

Asseguradas as aulas de Português ao longo de todo o curso, os módulos específicos sobre a sociedade portuguesa ministrados por investigadores do CRIA, unidade de investigação do ISCTE-IUL, dividiam-se em temas como , religião, instituições, lei de asilo (direitos e deveres), vivências urbanas, relações sociais e práticas de inserção em Portugal. A ideia passa por criar um patamar de integração que fuja aos estereótipos de uniformização e às condições de subalternidade que estas pessoas trazem com o rótulo de ‘refugiado’.

Todos com percurso académico, completo ou incompleto, procurou-se que as cerca de 20 pessoas, oriundas de países como a Eritreia, Síria e Iraque, incluídas nesta primeira edição pudessem ter contacto com o meio universitário e iniciar um efetivo processo de integração através do reconhecimento das suas competências académicas. Alguns alunos vão começar brevemente a assistir às aulas no ISCTE-IUL, embora a possível integração num dos cursos do Instituto careça ainda de formalização.

O feedback é muito positivo e há vontade para que se realize já uma nova edição, igualmente gratuita e com a participação voluntária dos docentes e investigadores, em maio ou junho deste ano. A integração formal dos alunos deste curso no sistema de ensino superior português carece ainda de diretrizes que permitam o reconhecimento da suas valências académicas e facilitem o seu processo de integração.

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