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A celebração de 10 anos de estudo e análise das desigualdades sociais, nas suas diversas facetas, na sociedade portuguesa foi assinalada com um colóquio comemorativo que apresentou o livro «Desigualdades Sociais. Portugal e a Europa». Renato Miguel do Carmo, diretor do Observatório das Desigualdades, e investigador no CIES-IUL, ajuda-nos a compreender os impactos e as necessidades do estudo exaustivo e regular destes fenómenos e quais as formas de o combater.
Qual o momento mais significativo que gostaria de recordar destes 10 anos de atividade do OD?
Renato Miguel do Carmo | Tivemos vários momentos significativos. Mas gostaria de destacar a sessão de apresentação do nosso primeiro livro intitulado “Desigualdades Sociais 2010: Estudos e Indicadores”. O livro foi apresentado pelo Ex-Presidente da República Dr. Jorge Sampaio e pelo Prof. Doutor Diogo Freitas do Amaral. Tratou-se de uma sessão muito relevante e que contribuiu decisivamente para o impacto científico e público tanto do livro como do próprio Observatório.
Para quem possa desconhecer o percurso já feito nestes 10 anos de estudo, como descreve o contributo do OD no combate às desigualdades sociais no nosso país?
R. M. C. | Basicamente o nosso trabalho tem como objetivo principal contribuir para que a temática das desigualdades sociais seja estudada e debatida com mais profundidade e de uma forma multidimensional e sistemática tanto no interior da comunidade científica como na relação com o público mais geral. Por isso desenvolvemos uma plataforma de disseminação de informação (composta por notícias, análises, estudos, artigos, livros, etc.) que pretende alcançar a maior diversidade possível de pessoas e instituições.
O livro lançado no passado dia 7 de março contempla as diversas áreas que afetam direta ou indiretamente as desigualdades e que as explicam, potenciam ou constrangem. Qual(is) considera atualmente como a(s) área(s) mais premente(s) para ação política?
R. M. C. | Como temos referido, as desigualdades são um fenómeno complexo e multidimensional que não tem uma explicação simples e unívoca, no sentido em que as causas não se reduzem apenas a um setor ou sistema social ou a um número limitado de recursos. Daí que as políticas deverão ter uma lógica transversal e multissetorial. Só assim poderão ser eficazes na redução das desigualdades. A título de exemplo, uma das formas de combater as desigualdades passa necessariamente pelo incremento de políticas de educação e de formação que democratizem e generalizem ainda mais os níveis de escolaridade da população portuguesa. A formação ao longo da vida é uma necessidade estrutural, sobretudo num país cuja população empregada tem níveis ainda muito baixos de escolarização.
Na sua perspetiva, enquanto diretor do OD, qual a maior ferramenta promotora da igualdade?
R. M. C. | Para além da escolarização, o papel das políticas redistributivas (nas suas várias componentes), por um lado, e das políticas de regulamentação laboral e de contratação coletiva, por outro, são instrumentos fundamentais.