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O projeto 4HCreat, financiado pelo Interreg Atlantic Area, é um consórcio de 7 parceiros internacionais, que inclui o ISCTE-IUL através do DINÂMIA’CET-IUL, com coordenação local da investigadora Ana Rita Cruz. A metodologia utilizada centra-se nas necessidades do utilizador e na transferência de conhecimento entre os diversos atores envolvidos no desenvolvimento do setor cultural e criativo.
O ISCTE-IUL integra o projeto 4H-CREAT através do DINÂMIA’CET-IUL. Pode explicar-nos qual a sua importância e a necessidade de reforçar a relação entre público-privado-investigação?
Ana Rita Cruz |Atualmente a investigação, entendida como produção de conhecimento, não se concretiza se permanecer dentro da Universidade. É fundamental garantir que os resultados da investigação e o conhecimento científico são transferidos para a sociedade e que resultam em benefícios para a comunidade.
No projeto 4H-CREAT o ponto de partida fundamental é o entendimento que o sucesso de um determinado setor, no caso específico as atividades culturais e criativas, depende de uma forte interação das universidades, enquanto instituições produtoras de conhecimento e de formação de capital humano, com as empresas, em particular a indústria, os governos e outros atores de governança, em múltiplos níveis de decisão, e ainda os potenciais utilizadores do conhecimento produzido, essenciais à geração e difusão de inovações. Na investigação sobre desenvolvimento regional esta perspetiva ficou célebre como a hélice quadrupla e tem vindo a influenciar a definição de políticas regionais, em particular as recentes estratégias de especialização inteligente.
Qual será o papel do ISCTE-IUL neste projeto/consórcio? Quais os resultados esperados durante a realização do mesmo e os impactos que procuram alcançar na área?
A.R.C. |O ISCTE-IUL, através do DINÂMIA’CET-IUL, irá participar em atividades de avaliação da capacidade existente em termos dos recursos do setor cultural e criativo no Espaço Atlântico e, em particular, no que se refere às pequenas e médias empresas que atuam neste setor. Paralelamente, vai estimular o desenvolvimento de um conjunto de atividades-piloto de intercâmbio entre os quatro tipos de atores da hélice quadrupla.
Especificamente, a equipa do DINÂMIA’CET-IUL vai desenvolver para a região de Lisboa, em simultâneo com as outras regiões parceiras, uma avaliação das procuras e dos recursos existentes no setor cultural e criativo. Vamos ainda preparar um estudo que procurará encontrar modelos relevantes para a transferência e troca de conhecimentos nas indústrias culturais e criativas. O projeto inclui também um conjunto alargado de ações de carácter mais prático. Por exemplo, os vários parceiros vão implementar nas suas regiões um programa de estágios para que o staff de diferentes entidades do setor cultural e criativo possa compreender o funcionamento de outras tipologias de atores.
Adicionalmente, o projeto prevê um conjunto de atividades de comunicação e de disseminação. Neste aspeto particular, o DINÂMIA’CET-IUL vai organizar, em 2019, um conjunto de workshops dirigidos a stakeholders do setor cultural e criativo. E, já em 2018, mais precisamente em Outubro, os parceiros vão organizar uma feira virtual de atividades culturais e criativas que contará com dois pavilhões dedicados às indústrias criativas tradicionais e ao gaming, onde participarão empresas de todas regiões parceiras do consórcio do projeto 4H-CREAT.
O impacto desejado do 4H-CREAT é um fortalecimento da interação entre os quatro tipos de atores referidos (Universidade, Empresas, Governo e Sociedade) no setor cultural e criativo. Esta maior interação entre atores permitirá favorecer a dinâmica do setor, a partilha de conhecimento e projetos colaborativos comuns. As análises e as avaliações realizadas neste contexto possibilitarão obter uma imagem mais precisa do setor cultural e criativo nas diferentes regiões e no Espaço Atlântico em geral, promovendo um maior entendimento de como as dinâmicas de inovação podem ser estimuladas no setor cultural e criativo.
É referido que um dos objetivos é a inclusão de ‘end-users’ em todo o processo de produção e inovação de novos produtos, pode explicar a mais-valia desta metodologia?
A.R.C. | Neste projeto o entendimento de “utilizador” é relativamente alargado e refere-se, em geral, ao público ou à sociedade que pode beneficiar de determinada atividade ou inovação. Esta perspetiva da importância da orientação para o utilizador está relacionada com a crescente relevância conferida a modelos organizacionais de inovação aberta e de troca de conhecimento. A inclusão do utilizador é justificada uma vez que as empresas, e outros atores essenciais ao desenvolvimento, encontram um contexto diferenciado de competição.
Atualmente existe uma competição global estruturada com base em soluções tecnológicas e em conhecimentos tácitos, sendo que as vantagens competitivas dificilmente conseguem ser asseguradas através de um enfoque meramente centrado no custo. A criação de ofertas de qualidade depende, assim, de uma incorporação de conhecimento do que os utilizadores realmente pretendem.