A presente dissertação pretende analisar a experiência e a perceção da precariedade laboral e sobrequalificação dos jovens diplomados trabalhadores em Portugal. Na prática, foi utilizada a metodologia qualitativa através da realização de vinte entrevistas semiestruturadas a jovens diplomados que se encontram a trabalhar em Portugal com idades compreendidas entre os 21 e 34 anos. A presente investigação concluiu que as situações de precariedade e sobrequalificação são transversais ao setor público e privado. Os motivos apresentados pelos entrevistados são: falta de uma maior experiência laboral, descrença quanto à possibilidade de melhores oportunidades, expetativa de obtenção de um contrato de trabalho ou progressão de carreira com melhores condições laborais. Independentemente do setor, constatou-se a existência de um desequilíbrio entre a expetativa e a realidade salarial. As principais razões para o salário auferido não ser considerado justo deve-se ao facto de os entrevistados considerarem que as profissões desempenhadas envolvem certos conhecimentos específicos e responsabilidades. Relativamente aos impactos da pandemia de covid-19, na visão dos entrevistados, foram detetadas três consequências: o aumento do desemprego entre jovens (que em muitos casos não tiveram qualquer apoio social devido ao vínculo contratual detido), o aumento da carga horária e a urgência solicitada para dar resposta às tarefas laborais e, por fim, a perda de oportunidades de socialização. A sobreposição da vida familiar e profissional, a sobrecarga horária e a pressão laboral durante a pandemia originaram a perda de qualidade do sono e o aumento do stress em alguns entrevistados.

This dissertation aims to analyze the experience and perception of precariousness and overqualification of young graduates working in Portugal. In practice, the qualitative methodology was used through twenty semi-structured interviews with young graduates working in Portugal aged between 21 and 34 years old. This research concluded that situations of precariousness and overqualification are transversal to the public and private sector. The reasons presented by the interviewees are: lack of greater work experience, disbelief about the possibility of better opportunities, expectation of obtaining an employment contract or career progression with better working conditions. Regardless of the sector, there was an imbalance between expectation and wage reality. The main reasons for the salary obtained not being considered fair is due to the fact that the interviewees consider that the professions performed involve certain specific knowledge and responsibilities. Regarding the impacts of the covid-19 pandemic, in the interviewees' view, three consequences were found: the increase in youth unemployment (which in many cases had no social support due to the contractual link held), the increase in the workload and the urgency requested to respond to work tasks and, finally, the loss of opportunities for socialization. The overlap of family and professional life, hourly overload and work pressure during the pandemic resulted in loss of sleep quality and increased stress in some interviewees.