Título
Associações entre o processamento de emoções vocais e traços de psicopatia, autismo e alexitimia
Autor
Mendes, Rui Mário Mergulhão
Resumo
pt
A nossa capacidade de reconhecer os estados emocionais dos outros é fundamental para as nossas
relações sociais. As vocalizações não verbais (e.g., gargalhadas) são de particular interesse, usamo-las
para estabelecer vínculos emocionais e para avaliar as intenções e estados afetivos dos outros.
Contudo, a capacidade de processar e aferir a autenticidade de expressões emocionais varia entre
indivíduos. Estudos anteriores sugerem que indivíduos com traços de psicopatia mais elevados
apresentam uma capacidade de empatia afetiva reduzida, mas uma capacidade de empatia cognitiva
típica. Em contraste, indivíduos com traços de autismo mais elevados apresentam uma capacidade de
ressonância afetiva típica, mas uma tomada de perspetiva reduzida. No presente estudo, pretendemos
determinar se, numa população neurotípica, a magnitude de traços de psicopatia e de autismo prediz
respostas a vocalizações não verbais, quer a nível de contágio emocional (empatia afetiva), quer a nível
da deteção de autenticidade (empatia cognitiva). Um total de 195 participantes completaram duas
tarefas, para avaliar os níveis de contágio e a autenticidade de vocalizações, bem como preencheram
escalas de traços de autismo, psicopatia e alexitimia. Não foram encontradas correlações significativas
entre nenhuma das escalas e as respostas às vocalizações emocionais, quer no que diz respeito às
avaliações de autenticidade, quer no que diz respeito às respostas de contágio emocional. Estes
resultados sugerem que, na população neurotípica, as associações entre traços de psicopatia, autismo,
e as respostas a vocalizações emocionais parecem ser não existentes. As implicações para a literatura
com populações clínicas serão discutidas. O presente estudo contribui para uma melhor compreensão
dos fatores que influenciam o processamento emocional na população típica, podendo
posteriormente ser contrastado com grupos clínicos.
en
Our capability to recognize the emotional states in others is fundamental for our social relationships.
The non-verbal vocalizations (e.g., laughter) are of particular interest; we use them to establish
emotional bonds and to assess the others’ intentions and affective states. However, the ability to
process and judge the authenticity of emotional expressions varies among individuals. Previous studies
suggest that individuals with higher psychopathic traits present a reduced capacity of emotional
empathy, but a typical capacity of cognitive empathy. In contrast, individuals with higher autistic traits
present a typical capacity of affective resonance, but a reduced capacity of perspective taking. In this
study, we aim to determine, in a neurotypical population, if the magnitude of psychopathic and autistic
traits predicts answers to non-verbal vocalizations, regarding both emotional contagion (affective
empathy) and authenticity detection (cognitive empathy). A total of 195 participants completed two
tasks, to assess the levels of contagion and the authenticity of vocalizations, as well as they fulfilled
scales of autistic, psychopathic and alexithymic traits. There were no meaningful correlations found
between any of the scales and the answers to the emotional vocalizations, neither in the authenticity
assessments nor in the emotional contagion answers. These results suggest that, in the neurotypical
population, the associations between psychopathic and autistic traits and the answer to emotional
vocalizations seems to be non-existent. The implications to literature with clinic populations will be
discussed. The present study adds to a better understanding of the factors that influence the emotional
processing in the typical population and may subsequently be contrasted with clinical groups.