Pouco se sabe sobre as representações sociais das crianças a respeito da deficiência e sobre os fatores que influenciam suas perceções e comportamentos face à mesma. Compreender como o contexto escolar e familiar moldam a perceção da deficiência pelas crianças é de capital relevância para o conhecimento sociológico, uma vez que representações negativas sobre a deficiência podem perpetuar comportamentos de exclusão social. Assim, torna-se possível elaborar intervenções e políticas públicas mais efetivas. Este trabalho contribui para este conhecimento através de um estudo de metodologia mista, cuja coleta de dados incluiu desenhos, focus-groups e questionários aplicados a 266 alunos do 4º ano do primeiro ciclo de 13 escolas públicas em Lisboa e Região Metropolitana entre 2018 e 2019. Os principais resultados são: o contacto com a deficiência no contexto escolar condiciona as representações sociais de forma maioritariamente positiva; as representações diferem consoante ao tipo de deficiência, porém não se observaram representações substancialmente menos positivas entre os tipos de deficiência; a origem escolar dos pais mostrou relação com representações ligadas ao modelo individual, porém o mesmo não se observou em relação ao escalão ASE; meninos e meninas apresentam representações semelhantes; não se observaram diferenças nas representações em função do sexo da pessoa retratada. Conclui-se que a educação inclusiva é positiva na construção das representações sociais de meninos e meninas sobre deficiência; porém, agentes de socialização primários com níveis de escolaridade mais altos condicionam em alguma medida representações que podem ser mais estigmatizantes.

Little is known about children's social representations regarding disability and the factors that influence their perceptions and behaviours towards it. Understanding how the family and the school environment shape children's perception of disability is of utmost relevance for sociological knowledge, since negative representations about disability can perpetuate social exclusion behaviours. Having this knowledge makes it possible to develop more effective interventions and public policies. This work contributes to this knowledge through a mixed methodology study, whose data collection included drawings, focus-groups and questionnaires applied to 266 students in the 4th year of the first cycle of 13 public schools in Lisbon and its Metropolitan Region between 2018 and 2019. The main results are: contact with disability in the school context conditions social representations, mainly in a positive way; representations differ depending on the type of disability, but no considerably less positive representations were observed between types of disability; the parents' educational background revealed a relationship with representations linked to the individual model, but the same was not observed in relation to the family’s economic level; boys and girls present similar representations; no differences on the representations according to the sex of the person with disability portrayed were observed. Thus, this study concludes that inclusive education is positive in building the social representations of boys and girls about disability. However, primary socialization agents with higher levels of education appear to condition, to some extent, representations that may be more stigmatizing.