Título
Os mecanismos de dominação das ideias económicas: O Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal e a produção científica em torno da política orçamental no contexto da grande crise financeira, 2009-2015
Autor
Silva, Henrique Machado da
Resumo
pt
De que forma determinadas ideias económicas, relacionadas com as estratégias de política orçamental, foram assimiladas e reproduzidas no seio do Banco de Portugal e, em particular, no seu Departamento de Estudos Económicos (DEE)? Este trabalho procura, através de um exercício de análise empírica da produção científica do DEE do Banco de Portugal, averiguar a sua aderência aos pressupostos ortodoxos neoliberais-austeritários, no contexto da Grande Crise Financeira de 2008, período em que as temáticas do foro orçamental foram arena de vigorosas disputas intelectuais e políticas. A pertinência do estudo reside no importante estatuto, de autoridade cognitiva, intelectual e política, do Banco de Portugal no panorama nacional, estatuto este que lhe confere um significativo poder de influência na condução do debate científico e, também, no aconselhamento de política económica. Neste sentido, importa perscrutar quais os princípios, as ideias e as metodologias que sustentaram determinadas propostas de política orçamental veiculadas por esta instituição.
Para cumprir estes desígnios são construídas duas dimensões de análise: a dimensão histórico-institucional e a dimensão empírica. Da primeira dimensão consta o desenho do quadro teórico, o enquadramento histórico do DEE no ecossistema institucional neoliberal-austeritário nacional e, por fim, o exercício de contextualização da ciência económica em Portugal. Na segunda dimensão, seleciona-se o repertório científico do DEE a examinar e, seguidamente, procede-se à interpretação qualitativa dos seus conteúdos.
A investigação revela um cenário de profunda homogeneidade e uniformidade intelectuais no que concerne à política de austeridade orçamental, bem como uma enraizada rotina metodológica quantitativa, baseada em modelos estocásticos de equilíbrio geral.
en
How were certain economic ideas, related to fiscal policy strategies, assimilated and reproduced within Banco de Portugal and, in particular, in its Departamento de Estudos Económicos (DEE)? This dissertation seeks, through an exercise of empirical analysis of the scientific production of Banco de Portugal's DEE, to explore its adherence to orthodox neoliberal-austerity assumptions, in the context of the Great Financial Crisis of 2008, a period in which fiscal policy issues were the stage of vigorous intellectual and political disputes. The relevance of the study lies in the important status, of cognitive, intellectual and political authority, of the Banco de Portugal in the national context, a status that gives it a significant power of influence over the scientific debate and, also, in economic policy advice. In this sense, it is important to examine the principles, the ideas and the methodologies that supported certain fiscal policy proposals conveyed by this institution.
To fulfill these aims, two dimensions of analysis are constructed: the historical-institutional dimension and the empirical dimension. The first dimension includes the drawing of the theoretical framework, the historical framework of the DEE in the national neoliberal-austerity institutional ecosystem and, finally, the exercise of contextualization of the economic science in Portugal. In the second dimension, the DEE’s scientific repertoire to be examined is selected and then the qualitative interpretation of its contents is carried out.
The investigation reveals a scenario of a profound intellectual homogeneity and uniformity regarding fiscal austerity policies, as well as a deep-rooted quantitative methodological routine, based on stochastic general equilibrium models.