Título
Viver o desemprego em tempos de crise
Autor
Carvalho, Vera Sofia Lourizela
Resumo
pt
Com o nível de destruição que caracteriza o capitalismo atualmente, o problema do desemprego tem vindo a agravar-se, não só pelo número crescente de indivíduos que com ele se deparam mas também pela ampliação da sua duração, sendo cada vez mais os indivíduos que experienciam o prolongamento da situação de desemprego, o qual tem um carácter funcional para o processo de acumulação capitalista, o que constitui prova da centralidade do trabalho.
Sendo através do trabalho que o individuo pertence à esfera pública e desenvolve a personalidade através de um percurso desejável de realização pessoal, uma situação de desemprego, ao dizer respeito a uma descontinuidade na trajetória profissional, representa a ausência de todo e qualquer benefício advindo do desenvolvimento de uma atividade profissional.
As vivências do desemprego são heterógenas. Contudo, tendem a ser unificadas por uma experiência dramáticas que afeta os diferentes níveis da vida (pessoal, familiar e social) devido ao sentimento de inutilidade e perda de status.
Neste sentido, procurou-se estudar as experiências dos DLD e dos DMLD de modo a perceber em que medida a sua identidade é afetada dada, a ausência de reconhecimento social, e como os seus estilos de vida foram alterados pelas transformações impostas pelo desemprego. Seja pelo tempo outrora dedicado ao trabalho, seja pela importância a ele atribuída, a descontinuidade no percurso profissional reflete-se num processo de construção identitária em suspenso. Revelando uma manutenção da ética do trabalho, o tempo de lazer perde o significado outrora atribuído, uma vez que dada a ausência de uma atividade profissional reconhecida, deixa de poder ser considerado uma recompensa.
Apesar dos inúmeros esforços realizados para o regresso ao mercado de trabalho, o desemprego de longa duração revela-se uma armadilha da qual é difícil sair.
en
With the level of destruction that characterizes capitalism today, the unemployment problem has become worse, not only by the increasing number of individuals who are faced with it but also the expansion of its duration, increasingly individuals experiencing the extension of unemployment, which has a functional character of the process of capitalist accumulation, which is evidence of the centrality of work.
Being through the work that the individual belongs to the public sphere and the personality develops through a desirable route to personal fulfillment, from unemployment, to relate to a discontinuity in career, is the absence of any benefit derived from the development of an occupation.
The experiences of unemployment are heterógenas. However, tend to be unified by a dramatic experience that affects the different levels of life (personal, family and social) due to feelings of worthlessness and loss of status.
In this sense, we tried to study the experiences of DLD and DMLD to realize the extent to which their identity is affected given the lack of social recognition, and how their lifestyles have changed by the transformations imposed by unemployment. Is the time formerly devoted to work, or from the importance attributed to him, the discontinuity in career reflected a process of identity construction in abeyance. Revealing a maintenance work ethic, leisure time loses meaning once assigned, since the absence of a recognized professional activity, can no longer be considered a reward.
Despite numerous efforts to return to the labor market, long-term unemployment turns out a trap which is difficult to get out.