A Psicologia Social da Justiça tem fornecido alguns contributos que demonstram que a justiça é uma necessidade fundamental (Lerner, 1980). Num estudo realizado por Lopes (2014) foi demonstrado que a ameaça a esta necessidade fundamental, provocada pelo confronto com a injustiça, reduziu o desempenho numa tarefa cognitiva complexa. Assim, este estudo pretendeu investigar os efeitos da perceção de injustiça, em contexto escolar, no desempenho cognitivo dos adolescentes. A exposição à injustiça foi manipulada, em contexto de sala de aula, através da leitura de um cenário (in)justo, construído com base na justiça distributiva e procedimental, pois, segundo a literatura, verificou-se que os adolescentes, ao serem solicitados para relatar acontecimentos justos e injustos no contexto escolar, salientam a dimensão de justiça procedimental e distributiva (Gouveia-Pereira & Sanches, 2010; Tyler, Rasinski & Spodick, 1985). O desempenho intelectual dos participantes foi avaliado através da resolução de anagramas, expressamente construídos para este estudo, em quatro medidas: (1) número de anagramas feitos; (2) número de anagramas corretos; (3) número de erros cometidos e (4) exatidão nas respostas. Os resultados mostraram que os indivíduos, na condição injusta; apresentaram um menor número de anagramas corretos, foram menos exatos e cometeram mais erros do que os indivíduos que passaram pela condição justa, não existindo qualquer diferença no número de anagramas completados. Este estudo constitui assim um primeiro passo no sentido de estabelecer experimentalmente a justiça no contexto escolar como necessidade fundamental para os adolescentes.

The Social Psychology of Justice has provided some contributions which demonstrate that justice is a fundamental need (Lerner, 1980). In a study conducted by Lopes (2014) it has been shown that the threat to this fundamental need, caused by confrontation with injustice, reduces performance in a complex cognitive task. Thus, the present study aimed to investigate the effects of the perception of injustice of teacher in cognitive performance of adolescents. The intellectual performance of the participants was evaluated by solving anagrams in four measures: (1) number of anagrams completed; (2) number of correct anagrams; (3) number of mistakes and (4) the accuracy of the answers. An (in)justice scenario in distributive and procedural terms was presented in a vignette in the context of the classroom, through an (un)just story. The participants were high school students who were randomly assigned to two conditions (just and unjust). The results showed that individuals in the unfair condition, had fewer correct anagrams, were less accurate and made more errors than individuals who have gone through fair condition and there is no difference in the number of completed anagrams. This study thus represents a first step towards experimentally establishing justice as a fundamental need for adolescents in schools.