Esta dissertação trata a etnicidade moderna dos Ovimbundu do planalto central de Angola, revelando o modo como as conceções de etnicidade dessa população foram alteradas por processos de modernização, frequentemente introduzidos por elementos externos ao grupo, e como esta modernização étnica veio a desempenhar um papel crítico, depois da independência do país. Este trabalho, seguindo um contraste na literatura existente entre a atribuição de uma importância bastante significativa à etnicidade na agência humana ou a minimização do seu impacto face a outros elementos explicativos, posiciona-se entre as duas abordagens, isto é, encontra um argumento comum entre as duas vertentes literárias. É adotada uma abordagem construtivista, patente em toda a tese e comumente utilizada em estudos académicos, que permite uma análise da etnicidade moderna dos Ovimbundu, cruzando as várias influências a que a população do planalto central esteve exposta com a sua própria agência e capacidade de imaginar e seguir novas ideias associadas à modernização. Começa então a surgir um paradigma, fruto das experiências apreendidas durante o colonialismo, influenciadas por processos de evangelização e colonização, que permitem uma compreensão mais clara e completa de aspetos relacionados com a organização dos movimentos políticos, a própria guerra civil e outros referentes a reconciliação no pós-guerra, integração e formação do estado. Ganha forma a ideia de que, ao longo da exposição dos argumentos, a construção e imaginação de identidades políticas dependem muito dos vários processos de modernização étnica, que são ainda influentes na vida das pessoas na Angola contemporânea.

This thesis is a study about the modern ethnicity of the Ovimbundu of the central highlands of Angola. It shows how Ovimbundu conceptions of ethnicity became altered and enhanced by processes of modernisation, usually introduced by foreign agents, and how this modernisation came to play a critical role after independence. Following a contrast in existing literature between either the attribution of vital importance to ethnicity in human agency or the downplay of it in favour of other elements, this work may be positioned in the middle, that is, it finds common ground with both arguments. I follow a constructivist approach, patent throughout the thesis and much used by many academic studies, which enables the analysis of Ovimbundu modern ethnicity by crossing the several influences the people of the central highlands were exposed to with their own agency and capacity to imagine and follow new ideas, mostly associated with modernisation. A paradigm begins emerging, one that recurs to the experiences apprehended during colonialism, influenced by processes of evangelisation and colonisation, which allow a clearer and more complete comprehension of aspects pertaining to the organisation of the political movements, the civil-war and issues related with post-war reconciliation, integration and state-formation. It becomes clear that the construction and imagination of political identities was much dependent upon processes of ethnic modernisation, which are still influential in people’s lives in contemporary Angola.