Título
O humor em protestos de rua: as manifestações anti-austeridade como espaços de discurso (in)formal e criativo
Autor
Pais, Pedro Manuel Pinto Caldeira
Resumo
pt
Esta investigação procura compreender o papel do humor e do discurso criativo e
informal em protestos e movimentos sociais em Portugal, entre 2011 e 2013, período
em que se verificaram manifestações de grande dimensão que contestavam políticas
sociais e económicas. Foi utilizado o método de Análise Crítica do Discurso para
analisar imagens de um protesto do Que se Lixe a Troika, bem como de uma
manifestação organizada pelos sindicatos, de modo a comparar o discurso entre
ambos, tendo também sido analisadas entrevistas a ativistas e sindicalistas que
participaram em manifestações e movimentos neste período. Sendo confirmada uma
utilização profícua de humor e discurso informal no protesto do Que se Lixe a Troika,
em comparação com uma linguagem historicamente formalizada no protesto dos
sindicatos, esta investigação conclui que tal se deve a um menor grau de
institucionalismo e a objetivos futuros coletivamente pouco definidos, baseados numa
identidade de resistência, a uma cultura de protesto de partilha positiva e otimista, bem
como à preocupação, por parte de muitos dos ativistas, em recriar a sua comunicação,
tanto linguística como esteticamente. São também discutidas as vantagens do humor
no que diz respeito ao protesto social, nomeadamente o seu papel na divulgação de
um problema social no âmbito público, o que contrasta com a sua pouca utilidade na
discussão formal e política do mesmo.
en
This research seeks to understand the role of humor, creative and informal discourse in
social protests and movements in Portugal, between 2011 and 2013, during which
there were several large demonstrations that challenged social and economic policies.
The Critical Discourse Analysis method was used to analyze images of a Troika protest
and another organized by the unions, in order to compare the discourse between the
two, and there were also conducted interviews with activists and trade unionists who
participated in protests and social movements during this period. A profuse use of
humor and informal discourse in the protest of the Troika, in comparison with a
language historically formalized in union protest, is confirmed. This research concludes
that this is due to a lesser degree of institutionalism and a less defined collective goals,
based on an identity of resistance, to a positive, optimistic and sharing culture of
protest, as well as to the concern of many activists to recreate their communication,
both linguistically and aesthetically. Also discussed are the advantages of humor in
relation to social protest, namely its role in publicizing a social problem in the public
sphere, which contrasts with its little utility in the formal and political discussion of it.