Resumo:  

O papel dos outros na construção do eu tem sido articulado pela teoria do interacionismo simbólico concebendo o self como uma construção social. No entanto, o processo de interiorização das percepções dos outros na autorrepresentação, como foi sistematizado na proposta de Kinch (1963), não tem sido confirmado de forma consistente na investigação. Nesta apresentação, iremos levantar um conjunto de questões de investigação (teóricas e metodológicas) que conduziram a um programa de investigação com múltiplas amostras representando grupos sociais distintos de adolescentes. Os resultados indicaram que as hipóteses gerais da teoria “the Looking-Glass Self” (LGSH) foram apoiadas, mas é necessário introduzir outros mecanismos explicativos como “com quem?”, “quando?” e “como?” os esquemas do self são construídos quer com outros específicos, quer com outros em geral.  Os resultados permitiram ainda compreender como os processos de construção do eu estão associados ao funcionamento psicológico dos adolescentes em função de contextos específicos. Do ponto de vista da investigação translacional, estes estudos são relevantes, pois permitem transportar a teoria e a sua evidencia em matrizes de mudança grupal, relacional e comportamental tendo em consideração grupos específicos de intervenção.