O campo teórico e prático da Cooperação e Desenvolvimento existe sob a condicionante fundamental do distanciamento à realidade determinando a sua dependência absoluta da produção de discurso, bem como da fixação de categorias formatando interações e procedimentos de tendência conservadora. A principal consequência é a deslocação entre o dizer e o fazer e o estrangulamento das oportunidades de financiamento; particularmente do que possa gerar impactos transformadores. Um destes conceitos é o tabu da dependência da ajuda. A tese defendida é que se a drenagem e dissipação de recursos são um problema sistémico do complexo da Ajuda, é um problema que se alimenta mais do que menos do facto do terreno ser na prática do Desenvolvimento um território desabitado. A conjuntura aponta entretanto para a reorientação da avaliação no sentido da medição de impactos que pode ser a oportunidade de uma reforma ao sistema a partir de dentro. A VIDA é uma ONGD portuguesa com longos prazos nos terrenos de Desenvolvimento em que trabalha. Usamos a oportunidade do seu caso junto de uma União de produtores rurais de Matutuíne, Moçambique para exemplificar que tipo de impactos se poderão procurar, como foram gerados e financiados e ponderar as alterações necessárias para um sistema que as possa vir a validar.

Development’s theory and practice exists under the encompassing constraint of being physically and conceptually detached from it’s own reality determining it’s absolute dependence of discourse production and categories shaping conservative interactions and procedures. The main consequence is the disconnection between speech and action and the tightening of funding opportunities for small-scale development interventions, particularly of those most likely to generate change. One of these concepts is the dependency taboo. This thesis defends that if drainage and dissipation of resources are Development’s systemic problem, also true is that it is fed by the absence of witnesses bearing decision authority in it’s field and not solved by it. The present moment, however, presses changes towards an evaluation system focusing on outcomes over outputs. This could present an opportunity to reform the system from within. VIDA is a Portuguese NGO practicing continuity where they work. We use the opportunity of Matutuíne’s farmers Union case, Mozambique, to exemplify the kind of impacts that could point out to meaningful change, how these impacts were generated and funded and to ponder over the necessary adjustments to the system validating deeper and more sensitive Development interventions.