Título
Housing First e redução de danos: uma análise das práticas de redução de danos no projeto “é uma casa” da associação Crescer
Autor
Toscanini, Lucca Arcírio
Resumo
pt
A análise que segue tem por objetivo compreender as práticas de redução de danos no projeto
“é uma casa” da associação Crescer, situada em Lisboa e fundada por profissionais
especializados na área da intervenção comunitária com grupos vulneráveis. O projeto em
análise: “é uma casa”, foi desenvolvido segundo a filosofia e metodologia Housing First, onde os
beneficiários, pessoas em situação de sem-abrigo crônico, ganham uma moradia além de
contarem com uma rede de apoio de profissionais que tem como objetivo a manutenção da casa
pelo beneficiário e o zelo pelo seu bem-estar, orientando-os na conquista de seus objetivos
pessoais. É importante ressaltar que o projeto não tem como prioridade eliminar as possíveis
toxicodependências dos beneficiários. Sendo assim, isso não é um pré-requisito para se obter a
casa e nem um obstáculo em sua manutenção. Como dito, nossa análise será focada nas práticas
de redução de danos realizadas pelo projeto “é uma casa”. Queremos compreender como essas
medidas atuam na prática na vida dos beneficiários que vivem com alguma toxicodependência.
Dessa forma buscamos avaliar o que já é feito no projeto em relação à redução de danos,
destacando seus pontos positivos como também suas limitações. Para tanto, acompanhamos as
visitas aos beneficiários junto à equipa da própria associação Crescer durante 8 meses. Além da
própria observação participativa, também conversamos e entrevistamos uma gestora técnica da
equipa, uma das coordenadoras do projeto, além de diversos beneficiários que nos contaram
suas histórias de vida com riqueza de detalhes. Além disso, fomos mais a fundo e conversamos
com Sam Tsemberis, o criador da metodologia Housing First, base do projeto “é uma casa”, a
fim de saber melhor suas considerações a respeito das práticas de redução de danos em
programas que se propõem a seguir esse método e filosofia. Podemos dizer que o programa
alcança seu objetivo e tem um impacto social significativo, mas apesar disso, conseguimos
definir algumas sugestões para superar suas pontuais limitações.
en
The following analysis aims to understand the practices of harm reduction in the "é uma casa"
project of the Crescer association, located in Lisbon and founded by professionals specialized in
community intervention with vulnerable groups. The project under analysis, "é uma casa", was
developed according to the Housing First philosophy and methodology, where the beneficiaries,
generally people in a chronical homelessness situation, are provided with a house and a support
network of professionals whose objective is the maintenance of the house by the beneficiary
and the care for their well-being, guiding them in achieving their personal goals. It is important
to point out that the project, guided by the Housing First philosophy, does not have as a priority
the elimination of possible drug addictions in the beneficiaries. Thus, this is not a prerequisite
for obtaining a house, nor an obstacle in its maintenance. As stated, our analysis will focus on
the harm reduction (HR) practices carried out by the “é uma casa” project. We want to
understand how these measures act in practice in the lives of the beneficiaries who live with
some form of drug addiction. In this way, we seek to evaluate what is already done in the project
regarding harm reduction, highlighting its positive points as well as its limitations. To this end,
we followed the visits to the beneficiaries together with the Crescer association's own team for
8 months. Besides the participative observation itself, we also talked to and interviewed a
technical manager of the team, one of the project's coordinators, as well as several beneficiaries
who told us their life stories with a wealth of details. Moreover, we went deeper and talked to
Sam Tsemberis, the creator of the Housing First methodology, the basis for the "é uma casa"
project, in order to learn more about his considerations regarding harm reduction practices in
programs that propose to follow this method and philosophy. We can say that the program
achieves its goal and has a significant social impact, but despite this, we were able to define
some suggestions to overcome its limitations.