Título
Everything is not gonna be alright: Contributions to a critical perspective on social resilience
Autor
Calado, Alexandre Daniel Duarte Carvalho
Resumo
pt
A dissertação oferece uma trajetória de investigação sobre a emergência e afirmação do conceito de resiliência social nos campos académico e político. A noção foi popularizada nas ciências sociais com o estudo dos impactos socioeconómicos e das práticas de enfrentamento dos sujeitos durante a crise financeira. A crise forneceu assim o contexto para o surgimento da resiliência e para a sua apropriação política, contribuindo também para a sua afirmação na política europeia. O estudo consiste em cinco artigos científicos que, a partir de uma abordagem metodológica que combinou o desenvolvimento teórico com a análise empírica comparativa dos casos de Portugal, da Polónia e da Irlanda, contribuem para a literatura da resiliência social de três maneiras principais. Primeiro, providencia uma revisão crítica das principais propostas teóricas sobre resiliência, discutindo as suas implicações para o entendimento das crises socioeconómicas, das respostas dos indivíduos e dos processos de mudança institucional. Segundo, propõe um conceito de resiliência social informado pelo conhecimento sociológico, combinando os modos de vida dos indivíduos, que dão conta dos processos de reajustamento das condições e estilos de vida para responder ao choque, com as relações dinâmicas e complexas ao nível das estruturas sociais, que permeiam e moldam os arranjos institucionais, as relações de poder e a distribuição de recursos. Terceiro, apresenta uma discussão das conexões e compatibilidade entre a ideologia implícita das interpretações dominantes da resiliência e o aprofundamento e institucionalização do neoliberalismo nas políticas económicas e sociais na Europa, discutindo o seu papel na legitimação desta agenda política.
en
The dissertation offers an investigation trajectory on the rise and affirmation of the concept of social resilience in the academic and political fields. The notion becomes popular in social sciences for the study of the socioeconomic impacts and coping practices of individuals during the financial crisis. The crisis provided the context for the emergence of resilience and for its political appropriation, contributing also to its assertion in European strategic policy. The study consists of five scientific articles, and it is based on a methodological approach that combined theoretical development with comparative empirical analysis, considering the cases of Portugal, Poland and Ireland. The results contribute to social resilience literature in three principal ways. First, it provides a critical review of the main theoretical proposals on resilience, discussing their implications for understanding socioeconomic crises, the responses at the agential level and the structural processes of change at institutional level. Second, it proposes a concept of social resilience informed by sociological knowledge, combining the ways of life of individuals, which account for the processes of readjustment of conditions and lifestyles to respond to contexts of hardship, with dynamic and complex relationships at the level of social structures, which permeate and shape institutional arrangements, power relations and resource distribution. Third, it also proposes a discussion of the connections and compatibility between the implicit ideology of the dominant interpretations of resilience and the deepening and institutionalization of neoliberalism in social and economic policies in Europe, discussing its role in legitimizing this political agenda.