O populismo de direita radical e os factores do seu sucesso são fenómenos que têm despertado especial interesse junto da academia na última década, devido ao surgimento e afirmação de partidos populistas de direita radical na Europa Ocidental. Portugal constituía-se como excepção até ao surgimento do partido CHEGA, em 2019, partido este que se tem vindo a afirmar como uma força política populista de direita radical relevante no país. Um dos factores apontados na literatura como explicativo do voto neste género de partidos, e consequentemente do seu crescimento, é a dieta mediática dos votantes, que tende a assentar em média do tipo tabloide, televisão privada e redes sociais. Apesar de existir literatura que cruza o voto populista de direita radical e o consumo de média, inclusive para o caso português, a evidência empírica existente é parcial e os dados analisados, por datarem de uma época em que o CHEGA ainda se estava a afirmar, podem já não representar de forma tão precisa a realidade atual. Assim, a presente dissertação pretende compreender a realidade portuguesa através da análise do sentido de voto dos portugueses em função das suas preferências de consumo mediático, olhando para o consumo de jornais, noticiários televisivos e redes sociais (Facebook). Os resultados confirmam, no geral, que a preferência por jornais tabloide, por noticiários com conteúdo mais tabloidizado e pelo Facebook influenciam o voto no CHEGA, apontando também algumas excepcionalidades do caso português.

The radical right-wing populism and the factors contributing to its success have been an issue of interest within the academic community in the last decade, largely due to the emergence and assertion of radical right-wing populist parties in Western Europe. Portugal stood out as an exception until the emergence of the CHEGA party in 2019, which has since established itself as a relevant radical right-wing populist political force in the country. One of the factors highlighted in the literature as explanatory of the vote choice for these parties, and its subsequent growth, is the voters media diet, which tends to be centered on tabloid-type media and social networks. While there is existing literature that connects the populist right-wing vote with the consumption of tabloid media and social networks, even for Portugal’s case, the existing empirical evidence it’s partial and the analyzed data, as it dates back to a time when CHEGA party was still establishing itself, may not accurately represent the Portuguese reality at the moment. Therefore, this dissertation aims to understand the Portuguese reality by analyzing the voting preferences of Portuguese citizens based on their media consumption habits, examining newspapers, television news, and social networks (Facebook). The overall results confirm that a preference for tabloid newspapers, news programs with more tabloid-like content, and Facebook usage influences the odds of voting for CHEGA, while also noting some exceptionalities in the Portuguese case.