A prática de meditação mindfulness tem recebido crescente interesse de investigação por parte da neurociência nos últimos anos. A presente revisão sistemática tem como objetivo identificar e sumarizar a evidência dos estudos realizados sobre os efeitos da prática de meditação mindfulness ao nível da morfologia cerebral. Coloca-se como hipótese que a prática de mindfulness poderá causar alterações morfológicas cerebrais, nomeadamente ao nível do aumento da matéria cinzenta. Foram utilizadas quatro bases de dados (Scopus, PsycInfo, Medline e Google Scholar) para a identificação e recolha de artigos de todos os estudos longitudinais e correlacionais, com grupo de controlo, em indivíduos saudáveis com idade entre os 18 e 65 anos, em que a ressonância magnética estrutural (sMRI) foi utilizada para avaliar a morfologia cerebral, com um foco particular em estudos de voxel-based morphometry (VBM) ou voxel-based cortical thickness (VBCT). Dos 18 estudos incluídos, quatro foram estudos longitudinais e os restantes correlacionais. De forma geral, os estudos revelam evidências de maior volume de matéria cinzenta em meditarores em áreas como o hipocampo, giro temporal inferior, ínsula, córtex orbitofrontal, giro temporal médio e cerebelo, quando comparados com o grupo de controlo. Dos 10 estudos que analisaram o efeito da duração da prática na morfologia cerebral, seis revelam existir correlação entre o número de horas de prática de meditação e as alterações morfológicas cerebrais. Apesar de os resultados serem consistentes com a hipótese inicialmente colocada, os estudos apresentam algumas limitações ao nível do design, tipo de prática e duração da prática de meditação, sendo necessário realizar mais estudos longitudinais com metodologia estandardizada.

The practice of mindfulness meditation has received increasing interest in neuroscience research in recent years. This systematic review of the literature aims to identify and summarize the available evidence concerning the effects of mindfulness meditation practice on brain morphology. The hypothesis is that mindfulness practice may lead to changes in brain morphology, particularly an increase in gray matter. Four databases (Scopus, PsycInfo, Medline, and Google Scholar) were used to identify and collect articles from all longitudinal and correlational studies with a control group, involving healthy individuals aged 18 to 65 years, where structural magnetic resonance imaging (sMRI) was used to assess brain morphology, with a specific focus on voxel-based morphometry (VBM) or voxel-based cortical thickness (VBCT) studies. Of the 18 studies included, four were longitudinal and the rest were correlational. Overall, the studies provide evidence of greater gray matter volume in meditators in areas such as the hippocampus, inferior temporal gyrus, insula, orbitofrontal cortex, middle temporal gyrus, and cerebellum, when compared to the control group. Out of the 10 studies that analyzed the effect of the duration of practice on brain morphology, six showed a correlation between the number of hours of practice and brain morphological changes. Although the results are consistent with the initial hypothesis, the studies have some limitations in terms of design, type of practice, and practice duration, highlighting the need for more longitudinal studies with standardized methodology.