Título
A família chama por mim, mas o trabalho não tem fim...: necessidades e desafios do ponto de vista psicossocial das famílias expatriadas
Autor
Farcas, Diana
Resumo
pt
Esta investigação explora a relação bidireccional dos factores familiares na adaptação intercultural do
expatriado, através de dois estudos com abordagens metodológicas diferentes. No estudo quantitativo,
utilizou-se um questionário online, preenchido por 136 sujeitos expatriados (Midade=44.25 DP=7.35) e 171
cidadãos Portugueses (Midade= 42.60; DP=7.39) que compõem o grupo de controlo. Os resultados
encontrados indicam que os dois grupos percepcionam uma maior interferência do trabalho na família do
que da família no trabalho. A interferência do trabalho na família, pode ser reduzida através do suporte
prestado pelo supervisor dentro da organização (r=-0.179, p=0.035), da adaptação em termos gerais (β=-
0.169, p=0.049) e da satisfação com a vida (β=-0.365, p<0.001). Por outro lado, uma interferência da
família no trabalho diminui o grau de satisfação com a vida dos sujeitos expatriados (β=-0.234, p=0.007)
e dos cidadãos Portugueses (β=-0.346, p<0.001), enquanto as exigências parentais minimizam a
interacção dos expatriados com os locais (β= 0.221, p= 0.005). Em termos culturais constata-se que os
sujeitos expatriados cujos países de origem têm uma cultura semelhante à Portuguesa, possuem um
grau de adaptação geral superior (t(55.68)=-2.702, p=0.009) e estão mais satisfeitos com a vida (t(132)=-
2.151, p=0.033) do que aqueles que pertencem à culturas diferentes da Portuguesa. De modo a
complementar estes resultados, realizou-se um estudo qualitativo baseado na condução de entrevistas
semi-estruturadas junto dos profissionais que trabalham diariamente com as famílias expatriadas em
Portugal. Os resultados encontrados são semelhantes aos obtidos no estudo quantitativo, concluindo-se
que existem diferenças na forma com os factores familiares influenciam a adaptação intercultural e viceversa.
en
This research explores the bidirectional relationship of family factors and expatriates’ cross-cultural
adaptation, by conducting two studies with different methodological approaches. In the quantitative study,
an online questionnaire was completed by 136 expatriates (Mage= 44.25 SD = 7.35) and 171 Portuguese
citizens (Mage = 42.60, SD = 7.39) who compos the control group. The results show that two groups
perceive a greater interference of work in the family than family at work. The interference of work in the
family, can be reduced through the supervisor’s support (r = -0,179, p = 0.035), the general adaptation (β
= -0169, p = 0.049) and satisfaction with life (β = -0365, p <0.001). On the other hand, the family
interference at work reduces expatriates’ (β = -0234, p = 0.007) and Portuguese citizens’ (β = -0346, p
<0.001) satisfaction with life, while the parental demands minimize expatriates’ interaction with the locals
(β = 0,221, p = 0.005). The expatriates whose home countries are culturally similar to Portugal, have
higher levels of general adaptation (t (55.68) = -2702, p = 0.009) and satisfaction with life (t (132) = -2151,
p = 0.033) than those who belong to cultures different from the Portuguese one. These results were
complemented by the qualitative study that carried out semi-structured interviews with professionals who
work with expatriate families in Portugal. The results are similar to those obtained in the quantitative study,
concluding that there are differences in how family factors influence the cross-cultural adaptation and vice
versa.