Título
Essays on cross-border banking
Autor
Pinheiro, Carlos Manuel da Silva Pacheco
Resumo
pt
A presente dissertação é formada por três artigos sobre banca internacional, incluídos nos
Capítulos 1 a 3 e é motivada principalmente pela crescente integração da indústria de serviços
financeiros, que está a compelir os bancos a oferecerem produtos e serviços numa área geográfica
cada vez mais ampla. O Capítulo 1 analisa a concorrência na banca e contribui para a literatura ao
mostrar que a interacção entre rivais tem influência no investimento directo estrangeiro (IDE) dos
bancos. O Capítulo 2 estuda os determinantes das fusões e aquisições (F&A) transfronteiriças e
tem como objectivo identificar os factores que permitam explicar a assimetria dos padrões de
F&A entre bancos asiáticos e ocidentais. No Capítulo 3 investigamos o impacto da diversificação
geográfica no valor económico dos bancos multinacionais, para determinar se a diversificação
geográfica é geradora de valor para os accionistas.
No Capítulo 1 integramos os conceitos de IDE, estratégia multimercado (multimarket) e reacção
oligopolística para modelar a localização dos dez maiores bancos comerciais (Top 10) em 52
países ao longo de 10 anos (1998-2007). Neste artigo estudamos a influência da concorrência na
localização das subsidiárias dos bancos multinacionais no estrangeiro. A literatura tem
investigado essencialmente porquê e onde os bancos instalam subsidiárias além-fronteiras. No
nosso caso, analisamos os Top 10 porquanto são eles que mais provavelmente se irão instalar nos
países onde os seus rivais estiverem presentes. Testamos três hipóteses: (a) a influência positiva
sobre o IDE dos bancos exercida pela sobreposição anterior dos Top 10 nos mercados
estrangeiros, (b) a influência no IDE dos bancos exercida pela presença de concorrentes directos
e (c) a influência no IDE dos bancos decorrente das identidades dos concorrentes directos.
Recolhemos dados sobre as subsidiárias dos bancos no Bankscope, numa base anual, e
construímos um painel com 4.745 observações. As nossas variáveis de interesse referem-se a: (a)
sobreposição de cada banco com os outros Top 10, país a país, (b) número de concorrentes
directos presentes num dado mercado e (c) identidades de cada banco. Usamos variáveis de
controlo referentes às características dos bancos, às características bilaterais entre país de origem
e país de destino, bem como às características do país de destino e do país de origem
individualmente. Utilizamos um modelo logit misto para testar as nossas hipóteses. Este modelo
hierárquico é considerado o modelo mais promissor para tratar variáveis discretas, e endogeneiza
vi
o comportamento dos bancos ao longo do tempo. O modelo combina efeitos fixos e efeitos
aleatórios numa mesma especificação, o que permite capturar a correlação intra-bancos presente
na nossa base de dados.
No Capítulo 2 investigamos fusões e aquisições (F&A) de bancos ocidentais na Ásia central e
oriental e de bancos asiáticos no ocidente, decorrente da diferença substantiva entre as duas vagas
de F&A, quer em número, quer em valor e taxa de crescimento. A literatura tem analisado a
entrada de bancos ocidentais em mercados emergentes, mas tem descurado a actividade de F&A
de bancos asiáticos no ocidente, apesar do seu volume crescente. Baseamo-nos em duas correntes
teóricas: por um lado a teoria ricardiana das vantagens comparativas e, por outro lado, a nova
teoria do comércio internacional que é favorável à integração dos mercados. Medimos as
vantagens comparativas através de um índice de desenvolvimento dos mercados financeiros e
calculamos o grau de similitude entre país de origem e país de destino como o rácio da diferença
entre país de origem e país de destino numa determinada característica, dividida pelo valor
máximo dessa característica nos dois países. Recolhemos os dados sobre F&A de Zephyr.
Incluímos operações durante um período de 10 anos, 1996 a 2007, e analisamos 66 fusões e
aquisições em que o adquirente seja um banco. A nossa amostra engloba 8 países asiáticos e 30
ocidentais. A nossa unidade de análise é o país e testamos a diferença ou similitude entre as duas
vagas de F&A mediante um modelo binomial negativo. Nas regressões, a variável dependente é o
número de operações transfronteiriças e as variáveis explicativas são as características bilaterais,
as características do país de destino e as características do país de origem. Empregamos
igualmente um modelo tobit no qual a dependente é o volume das operações.
No Capítulo 3 comparamos o valor de bancos comerciais internacionalmente diversificados com
o de bancos geograficamente mais focalizados. Este artigo aborda a literatura baseada na análise
de custos e de benefícios, que trata da diversificação das empresas, mas aplicamos a teoria aos
bancos. A literatura tem recentemente analisado os bancos mas em termos de diversificação
funcional: diversificação das fontes de rendimento e diversificação do balanço entre actividades
creditícias e não creditícias. O nosso artigo analisa uma outra dimensão relevante: a
diversificação geográfica que tem vindo a apresentar resultados divergentes em termos teóricos.
O nosso modelo empírico destina-se a testar se o valor económico dos bancos, medido pelo seu
valor incremental (excess value), é uma função crescente da sua diversificação geográfica.
vii
Definimos o valor incremental como a diferença entre o q de Tobin de um banco e o seu q de
Tobin ajustado. Calculamos o q de Tobin ajustado usando uma aproximação da técnica chop
shop que tem sido utilizada para as empresas não financeiras. Ou seja, consideramos que um
banco é cindível em duas partes (shops), uma parte diversificada geograficamente e outra parte
focada no mercado doméstico. Recolhemos dados do Bankscope restringindo-nos aos bancos
comerciais, porquanto são eles que têm revelado motivos para internalizar as actividades
bancárias nas suas operações além-fronteiras. Excluímos os bancos mais pequenos para evitar
efeitos divergentes e analisamos somente bancos comerciais cotados. Obtemos desta forma uma
amostra de 577 bancos comerciais e 4.039 observações (banco-ano). A disponibilidade dos dados
conduz-nos a uma amostra final de 377 bancos comerciais, com subsidiárias em 56 países, de
2001 a 2007. Corremos regressões robustas utilizando o valor incremental como dependente e
três medidas alternativas da variável de interesse, juntamente com variáveis de controlo atinentes
aos bancos e efeitos fixos por país e por ano de observação.
en
This dissertation consists of three papers on cross-border banking (Chapters 1 to 3) mainly
motivated by the increasing integration in the financial services industry that is forcing banks to
offer products and services over a wider geographic space. Chapter 1 analyzes competition in
banking and adds to the literature by showing that competitive interaction influences bank FDI;
Chapter 2 studies the determinants of cross-border mergers and acquisitions (M&A) and is poised
to determine what factors might explain the asymmetry in M&A patterns between Asian and
western banks; and Chapter 3 investigates the impact of geographic diversification on the
economic value of multinational banks, addressing the question of whether geographic
diversification creates value for the shareholders.
In Chapter 1 we integrate concepts from FDI, multimarket and oligopolistic reaction to model
the location of the world’s Top 10 commercial banks in 52 countries over 10 years (1998-2007).
We assess the influence of competition in the location of overseas affiliates of multinational
banks, a factor neglected in the literature on bank internationalization. The extant literature has
investigated mostly why and where banks go abroad. We focus on the Top 10 banks since they
are the ones more likely to match each others’ presence in foreign markets. We test three main
hypotheses: (i) the positive influence of preexisting market overlapping on banking FDI; (ii) the
influence of the presence of direct competitors on banking FDI; and (iii) the influence of the
identities of direct competitors on banking FDI. We collect data on the location of banks
subsidiaries from Bankscope on a yearly basis to construct a panel of 4,745 observations. Our
variables of interest pertain (i) to the overlapping of each bank with the other Top 10 on a country
by country basis; (ii) to the number of direct competitors present in a market; and (iii) to bank
identities for each bank. We control for bank traits, bilateral characteristics between origin and
destination country, destination country characteristics, and origin country characteristics. We use
a mixed-effects logistic model (MELR) to test our hypotheses, considered the most promising
state of the art discrete choice model, which endogeneizes bank behavior over time. MELR
combines both fixed effects and random effects in the same specification, capturing the withinbank
correlation present in our dataset.
iii
In Chapter 2 we investigate cross-border bank mergers and acquisitions (M&A) from western
banks in Far Eastern and Central Asian (FECA) countries and from Asian banks in western
countries, motivated by the striking difference between the two waves of M&A in number, size
and growth rates. Particular attention has been given to entry by western banks in emerging
markets, but much less attention has been given to the M&A activity of Asian banks in the west,
despite their increasing volume. We build on two strands of literature: (i) on the one hand the
Ricardian theory of comparative advantages, and (ii) on the other hand the new trade theory
favoring market integration. We proxy comparative advantages by an index of financial depth
and we measure the degree of similarity between origin and destination countries by a ratio
computed as the difference between acquirer and target markets on a particular characteristic,
scaled by the maximum in the two countries. Our data on M&A are collected from Zephyr. We
consider deals over a 10 year period between 1996 and 2007. We analyze 66 cross-border M&A
where a bank is involved as acquirer. Our sample encompasses 8 Asian countries and 30 western
countries. We conduct a country-level analysis to test for the difference or similarity of the two
waves of M&A using a negative binomial model, regressing the number of cross-border deals on
bilateral characteristics, origin country characteristics and destination country characteristics. We
use a similar specification with a Tobit model in which the dependent is instead the size of the
deals.
In Chapter 3 we compare the value of internationally diversified commercial banks with that of
domestically more focused financial intermediaries. The paper relates to the general literature on
the costs and benefits of focusing versus diversifying firms’ activities, but applied to financial
intermediaries. The literature has only recently focused on financial intermediaries, but mostly in
terms of functional diversification: income and balance sheet diversification between lending and
non-lending activities. We address a parallel important dimension: geographical diversification
for which the theoretical predictions are mixed. Our empirical model is designed to test whether
bank’s economic value as measured by excess value is an increasing function of its international
diversification. We define excess value as a bank’s real Tobin’s q minus its imputed Tobin’s q,
the latter obtained as an approximation of the ‘chop-shop’ approach. We build on the literature on
manufacturing firms and consider each bank as ‘chopped’ in a geographically diversified bank
and a domestic, undiversified bank. We collect bank level data from Bankscope focusing on
commercial banks since they have compelling reasons to internalize banking activity across
iv
borders. We exclude small banks to avoid confounding effects and focus on listed commercial
banks. Our data assembling exercise yields a sample of 577 commercial banks and 4,039 bankyear
observations and we end up with 384 banks headquartered in 56 countries for which timevarying
data on subsidiaries is available between 2001 and 2007. We run robust regressions with
excess value as the dependent and with three alternative measures of geographic diversity as the
explanatory variable of interest, along with bank controls and country and year fixed effects.