Título
A dificuldade da escolha: acção e mudança internacional
Autor
Costa, Ana Cristina Narciso
Resumo
pt
Esta dissertação parte da constatação de que a Economia não dispõe de uma teoria
da escolha satisfatória. Na realidade, o modelo de decisão racional dominante não
envolve escolhas, mas apenas cálculo. Além disso, não obstante a relevância de
alguns contributos particulares, não existe, noutras perspectivas teóricas, uma
concepção de escolha racional alternativa, elaborada ao ponto de poder substituir
o modelo dominante.
Os pressupostos da exogeneidade das preferências e da comensurabilidade dos
valores são identificados como estando na origem das principais limitações da
concepção de escolha dominante. Tendo em vista a superação destas limitações, a
presente dissertação elabora um conceito de dificuldade da escolha assente no
reconhecimento da incomensurabilidade e do possível conflito entre valores,
assim como da importância dos dilemas morais em todos os domínios da acção
humana. Opera então uma reconceptualização da escolha em que escolha racional
significa escolha justificada, ou fundada em razões.
A dissertação formula as condições da dificuldade da escolha e elabora uma
distinção conceptual entre dificuldade computacional e dificuldade moral. As
implicações da dificuldade são identificadas e a relevância da dificuldade moral
para a Economia é salientada. Por último, as noções de dificuldade moral e de
acção em conflito que dela decorre são aplicadas à mudança institucional, de
forma a clarificar a relação entre a acção e estes processos de mudança.
en
The starting point of this dissertation is the acknowledgment of the absence of a
satisfactory choice theory in economics. The rational decision model does not
really refer to choice, but rather to calculus. Besides, notwithstanding the
relevance of some individual contributions, other theoretical perspectives also
lack a fully developed alternative concept of rational choice, which might replace
the dominant model.
The assumptions of exogeneity of preferences and commensurability of value are
identified as the sources of the main limitations of the prevailing conception of
choice. Aiming at overcoming these limitations this dissertation articulates a
concept of difficulty of choice that is grounded on the acknowledgment of
incommensurability, possible conflict among values, and the importance of moral
dilemmas in all action domains. It then reconceptualises choice by viewing
rational choice as choice justified, grounded in reasons.
The dissertation states the conditions of difficulty and conceptually separates
computational from moral difficulty. The implications of difficulty are identified
and the relevance of moral difficulty in economics is highlighted. Finally, the
notion of moral difficulty and the derived notion of action in conflict are applied
to the analysis of institutional change, thus clarifying the relation between action
and those change processes.