Título
Construir a paisagem lisboeta e luandense: a obra do arquitecto Manolo Potier
Autor
Pommrenke, Maria
Resumo
pt
Embora praticamente desconhecido, Manolo Potier tem um significado
contributo na construção do território lisboeta nos anos 50 do seculo XX e luandense nas décadas de 60 e 70. Em Lisboa, em parceria com o José Lima Franco, constrói em dez anos cerca de 110 edifícios, sendo assim com outros contemporâneos desta altura responsável pela nova paisagem urbana que surge depois da segunda guerra mundial na capital portuguesa. A dupla imprime grande influência na organização da malha urbana, com uma arquitectura de continuidade, corrente moderna e adaptada às condições do contexto. Partindo em 1959 para Luanda, pertence à geração de arquitectos portugueses que levaram a lição da arquitectura moderna para o universo colonial português na segunda metade do século XX. Da mesma forma que as realizações de Poter "colonizaram" a paisagem africana, sobretudo luandense, com uma obra de filiação corbusiana, de certa forma "exportável" e
internacional, a sua prática acabou por ser contaminada pelo contexto local. O seu legado mais marcante insere-se assim no moderno tropical que marcou a identidade da arquitectura colonial levada a cabo pelos profissionais vindos da metrópole, radicados em África em busca de trabalho e uma prática mais livre.
O seu interesse reside igualmente numa arquitectura que durante décadas foi anónima e que se procura agora identicar. Por vezes de cariz mais corrente, outras vezes mais radical, nomeadamente nos projectos de carácter público nas duas capitais, podemos destacar entre a sua vasta obra (maioritariamente habitação), a Garagem Conde Barão em Lisboa, a "escola modelo" e o cinema Tivoli em Luanda.
en
Although almost unknown, Manolo Potier had a significant contribution inbuilding the landscape of Lisbon in the 50s, and in Luanda in the 60s and 70s. In Lisbon, in partnership with José Franco Lima, he has built over ten years about 110 buildings. Together with other contemporary architects, he is therefore responsible for the new urban landscape emerging after the Second World War in the Portuguese capital. The team had a great influence in the organization and image of the urban network, having his architecture characteristics such as continuity, current, modern and adapted to the context. Having moved to
Luanda in 1959, Manolo Potier belongs to the generation of Portuguese architects who took the lesson of modern architecture into the Portuguese colonies in the second half of the twentieth century. In the same way as Manolo Potier "colonized" the African landscape, especially in Luanda, with a work of Le Corbusier affiliation, somehow “exportable” and international, his practice turned
out to be contaminated by the local context. Its most striking legacy is thus part of the modern tropical which influenced the identity of colonial architecture carried out by professionals from the metropolis, rooted in Africa in search of work and a liberty. His interest also lies in an architecture which for decades was anonym, and which now is tried to be identified. Potiers' architecture is mostly common and sometimes radical, especially in public projects in both capitals. To emphasize among its vast work - mostly residential - is the Garage Conde Barão in Lisbon, the prototype of "model schools" and the Cinema Tivoli
in Luanda.