Título
O impacto da política monetária não convencional na distribuição de riqueza
Autor
Correia, Guilherme Simões
Resumo
pt
A Reserva Federal do Estados Unidos da América (EUA), no final de 2008, estava na iminência
de esgotar as suas ferramentas convencionais de política monetária (com a taxa de juro
overnight quase a chegar a 0%), ao mesmo tempo que assistia ao deteriorar da performance da
economia americana. De forma a ultrapassar esta situação, implementou medidas excecionais
de estímulo à economia, conhecidas como Quantitative Easing (QE). Este programa incluiu a
compra de dívida do tesouro dos EUA, assim como de mortgage-backed securities e dívida
emitidas por entidades estatais ou sob supervisão estatal, em montante tão elevado que a meio
de 2014 a Reserva Federal já detinha mais de 4 biliões de dólares destes ativos (cerca de 23%
do PIB). Esta injeção de dinheiro na economia levou a que se levantassem questões respeitantes
ao crescimento do preço de ativos financeiros e possível aumento da desigualdade de riqueza.
O que procurei investigar nesta dissertação foi precisamente isso: qual o impacto da política
monetária não convencional na distribuição da riqueza, no caso dos EUA. Para tal, recorri a um
método de event study para estimar o impacto do QE em variáveis chave para a riqueza das
famílias e combinei esses resultados com dados detalhados da riqueza das famílias em 2010,
provenientes do Survey of Consumer Finances (SCF), para criar um cenário contra-factual em
que não tivesse ocorrido o QE. Os resultados finais são obtidos pela diferença entre o cenário
contra-factual e o efetivamente ocorrido em 2010. As conclusões vão de encontro à literatura
revista para outros países (Zona Euro, Itália e Reino Unido): o QE diminui a desigualdade na
riqueza devido, maioritariamente, ao aumento do preço das casas.