Orador:
Nuno Oliveira
A celeuma em torno das quotas para negros nas universidades públicas colocou, uma vez mais, a questão racial na esfera pública brasileira. Esta é no entanto apenas uma parte do processo de implementação de ações afirmativas que se tem vindo a consolidar na última década tendo por objeto os negros. Partindo de trabalho de campo realizado no Brasil, analiso como as categorizações raciais são apropriadas por quadros cognitivos diferenciados que proporcionam uma leitura das identidades coletivas e de como as suas fronteiras são percecionadas. Nestes repertórios, as identidades nacional, grupal e individual intersectam-se permitindo organizar a perceção da diversidade étnico-racial, assim como a sua expressão pública, de acordo com tais quadros. A análise incide sobre um corpus discursivo recolhido através de entrevistas semidiretivas com atores privilegiados do campo das classificações étnico-raciais. Estabelecem-se algumas implicações no domínio das modalidades de governança da diversidade, da força social das identidades coletivas e das perceções sobre o papel do Estado nas práticas distributivas e de reconhecimento.
Comentador:
Otávio Raposo