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A mutilação genital feminina é uma realidade em 30 países dos continentes africano e asiático, existindo também notícias na américa do sul e recentemente na Rússia, na República do Dagestão. É uma prática que afeta cerca de 200 milhões de mulheres e raparigas em todo o mundo, segundo os últimos dados publicados pela UNICEF em 2016 onde se incluíram pela primeira vez países como a Indonésia, o Iémen e o Iraque. Os movimentos migratórios tornaram este um fenómeno alvo de preocupação global, com um crescimento assinalável na Europa.
Mostra-se urgente habilitar os profissionais de áreas estratégicas, cujo contacto direto com vítimas e potenciais vítimas é maior, com o conhecimento necessário sobre a sua prática, raízes culturais e significados, e as suas consequências, bem como as formas mais eficientes de prevenir e combater a sua proliferação. O Observatório Transnacional de Investigação Aplicada a Novas Estratégias para a Prevenção do C/MGF tem demonstrado que a formação de profissionais e o contacto/sensibilização das famílias tem sido fundamental na prevenção.
O “Programa Académico Multisectorial para o Combate e Prevenção do Corte/Mutilação Genital Feminina (C/MGF),” é um projeto de investigação que envolve diversas universidades, incluindo o ISCTE-IUL através do CEI-IUL, em parceria com a Universidade Rey Juan Carlos de Madrid, a Vrij Universiteit de Bruxelas, a Universidad Roma Tre em Roma com a Fondazione Angelo Celli, e Fundación Wassu, e que inclui ainda a ONG Wassu Kafo na Gâmbia, a Universidade Autónoma de Barcelona e o Instituto Politécnico de Leiria.
Co-financiado pela Comissão Europeia, através do programa “Rights, Equality and Citizenship”, este projeto promove a intervenção direta com futuros profissionais de diversas áreas, incorporando este Guia em unidades curriculares de diferentes cursos – medicina, enfermagem, educação, psicologia, serviço social, direito, criminologia, antropologia, cooperação internacional para o desenvolvimento, estudos de género e feminismo, comunicação e jornalismo - em 5 universidades europeias, parceiras no projeto. Durante o 2º semestre do ano letivo 2016/2017 e ainda no 1º semestre de 2017/2018, a equipa do projeto promoverá essa inclusão dando formação adaptada especificamente a cada uma dessas áreas, facultando os materiais elaborados dentro do quadro do projeto. Os professores serão também convidados a participar e a dar continuidade ao debate e ensino sobre o tema após o término do projeto.
Estão ainda previstos 4 seminários internacionais em Madrid, Bruxelas, Lisboa e Roma para promover a discussão sobre o tema e formas de prevenção entre especialistas e interessados na área.
O ISCTE-IUL realizará nos dias 28 e 29 de Setembro de 2017, o seminário Internacional “Respostas Institucionais Integradas ao C/MGF”, contando com as presenças de oradores vindos do continente africano, nomeadamente da Guiné Bissau, Senegal, Guiné Conakry e Mauritânia; e também oradores europeus. Este seminário centrará a sua atenção tanto nos instrumentos de direitos humanos e a sua implementação no combate ao C/MGF como nas estratégias de prevenção empregues nesses países e em Portugal, com isso procurando fomentar o diálogo e troca de experiências: do ativismo à investigação; das instituições de ensino superior às organizações internacionais e da sociedade civil.
Para mais informações: http://mapfgm.eu/