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Uma equipa de investigadores do CIS-IUL tem vindo a desenvolver, desde 2012, ações para a melhoria da qualidade das práticas pedagógicas em contexto escolar, em Agrupamentos de escolas/Escolas denominadas de Territórios Educativos de Intervenção Prioritária (TEIP). O objetivo é capacitar os agentes educativos, em especial os professores, para dinâmicas de intervenção colaborativas entre os diversos atores na melhoria continuada dos resultados escolares através da educação emocional. Atualmente, a equipa TEIP do ISCTE-IUL, composta por vários elementos, é coordenada por Ricardo Borges Rodrigues, docente no ISCTE-IUL e investigador no CIS-IUL.
Recentemente, decorreram no Instituto Universitário de Lisboa, as I Jornadas de Pensamento Emocional, com o objetivo de promover o debate multidisciplinar, com olhares transversais sobre o pensar emocional na educação/ensino, passando pela cultura, património e arquitetura. Um encontro promovido por um grupo de parceiros de uma escola TEIP, nomeadamente pelo Agrupamento de Escolas do Alto do Lumiar, Direção-Geral de Educação, Junta de Freguesia do Lumiar, ISCTE-IUL e a Associação EducAccíon.
Participaram especialistas nacionais e internacionais, estando presente a psicóloga e investigadora Ana Peinado, que tem desenvolvido o plano de educação emocional em Espanha, cuja implementação está em curso.
Ana Peinado, refere que “La situación que hay en España es que cada una de las 17 regiones (Comunidades Autónomas) actúa de forma independiente por lo que no podemos hablar de una única iniciativa en el país para la promoción de la Educación Emocional. En la Comunidad Autónoma de Canarias se implantó en el currículum una asignatura obligatoria en primaria (niños de 6 a 12 años) llamada “Educación Emocional y Creatividad” en el año 2014. El resto de Comunidades Autónomas no tienen esta asignatura. En la Región de Murcia, donde yo vivo, la implantación de los programas de educación emocional se realiza a través de cursos de formación a profesores en los centros educativos financiados por el gobierno de la Región. La participación en estos cursos es voluntaria.’
A investigadora reforça, contudo, a importância dos cursos que desenvolve e salienta que ‘los contenidos de estos cursos de formación dependen de cada persona que los imparta. No hay una única línea de actuación ni ninguna directriz a seguir. Yo estoy impartiendo estos cursos desde el año 2012 aproximadamente. A través de este trabajo he elaborado mi propio programa que tiene una duración de un curso escolar. Se llevan a cabo seis sesiones de formación con los profesores donde se les explican las actividades que pueden aplicar en el aula durante todo el curso para la enseñanza del reconocimiento de emociones, autoestima, motivación, autocontrol, habilidades sociales y optimismo. Estamos en proceso de evaluación de resultados. Cada vez son más centros los que solicitan esta formación. Actualmente estamos diez personas trabajando en la impartición de cursos de formación sobre mi programa Arco Iris.’
Dulce Martins, investigadora no CIS-IUL e membro da equipa TEIP do ISCTE-IUL, defende que ‘sabendo que a emoção tem uma substancial influência no processo cognitivo humano e que a escola é um ambiente de aprendizagem por excelência, e que não existe aprendizagem sem emoção/afetividade. É necessário (re)pensar os ambientes educativos que a escola proporciona, nomeadamente promover estratégias para a apropriação de competências sociais e emocionais para alunos e professores, os quais coloquem em consideração programas de educação emocional e mais momentos com metodologias ativas em sala de aula. Em concreto atividades que incorporem a aprendizagem cooperativa, que tenham como objeto a iniciativa, o comprometimento e a tomada de decisão dos alunos. Em Portugal, já se faz educação emocional, vejamos o exemplo da escola das emoções e alguns programas de cariz de currículo informal com atividades, por exemplo, baseadas no mindfulness. Contudo, é ainda uma prática muitíssimo escassa para o que seria desejável.’
Neste sentido, a investigadora acrescenta que ‘a maior responsabilização quer individual, quer conjunta dos atores e agentes educativos, ajuda a identificar e a compreender emoções, bem como o que é mais adequado para o próprio indivíduo e para os outros com quem se relaciona. É fundamental fomentar experiências educacionais incorporadas em formas cooperativas para a participação e envolvimento ativo dos alunos para uma maior “propensabilidade potencial”, conducente à maior intuição emocional, onde os alunos possam pensar e refletir criticamente, tendo em conta os seus interesses. A literatura no domínio da Educação/Psicologia da Educação indica que assim se criam mais facilmente condições para aprendizagem efetiva e significativa.’
No âmbito do programa TEIP, e de acordo com as necessidades diagnosticadas na formação de professores nestes territórios educativos (TEIP do ISCTE-IUL), foram criados três seminários de especialização, que serão promovidos pelo IPPS-IUL, que focam as temáticas de Avaliação Formativa, Matemática no 1º ciclo e Supervisão Pedagógica. A metodologia de trabalho dos cursos tem um caráter teórico-prático em que assumem particular importância metodologias ativas e participativas que possibilitem a aquisição dos conceitos fundamentais e levem à apropriação de modelos, técnicas e à criação de instrumentos mais adequados para o trabalho docente em sala de aula.