Título
Caregiving is also thinking: Maternal cognitions in child abuse and neglect
Autor
Camilo, Cláudia Sofia Dinis
Resumo
pt
O mau-trato infantil é amplamente reconhecido como um problema social prevalente, com consequências múltiplas e a longo-prazo para o desenvolvimento da criança. O presente trabalho examina o mau-trato à luz do modelo de Processamento de Informação Social (SIP), acentuando o papel das representações cognitivas, e de erros e enviesamentos no processamento da informação relativa ao cuidar, nas respostas parentais. Seis artigos apresentam (a) um conjunto de meta-análises sobre a relação entre variáveis sociocognitivas dos pais e o mau-trato, (b) uma revisão sistemática de medidas implícitas utilizadas para avaliar essas cognições em contextos de mau-trato; (c) mapeiam e comparam representações sobre parentalidade de mães sinalizadas e não-sinalizadas; e (d) examinam a relação entre atitudes parentais implícitas e explícitas e (e) erros no reconhecimento de emoções das crianças, e o abuso e negligência, auto e hétero-reportados. Os resultados dos estudos de revisão indicam que as associações entre esquemas cognitivos parentais e enviesamentos no processamento da informação e o mau-trato são significativas, assim como o potencial das medidas implícitas na avaliação das cognições parentais. Os estudos empíricos sugerem especificamente que a parentalidade desadaptativa é caracterizada por esquemas cognitivos rígidos, atitudes parentais inadequadas e erros na perceção dos sinais emocionais da criança, sobretudo na negligência, e quando reportada pelos profissionais. Teoricamente, estes resultados suportam o modelo SIP e enfatizam o potencial das abordagens sociocognitivas na avaliação e explicação do mau-trato. Os estudos reportados representam também um importante contributo metodológico para a avaliação do mau-trato e das cognições parentais. Este trabalho apresenta assim uma contribuição para a emergente pesquisa sobre cognições parentais no contexto do mau-trato, com implicações importantes para a investigação e intervenção.
en
Child-maltreatment has long been recognized as a serious and prevalent social problem with multiple and long-term consequences for child development. This work examines child-maltreatment based on a Social Information Processing model, emphasizing the role of cognitive representations, and errors and biases in processing caregiving-related information on parental responses. Six articles present (a) a set of meta-analyses about the relation between parents’ socio-cognitive variables and child-maltreatment, (b) a systematic review of implicit measures to assess parental cognitions in the context of maltreatment; (c) map and compare cognitive representations about parenting of referred and non-referred mothers; and (d) examine the association of implicit and explicit parental attitudes and (e) errors in emotion recognition, with self- and professionals-reported child abuse and neglect. The results of the reviews indicated that the associations of parental schemata and biased information processing with child maltreatment are significant, as well as that the potential of implicit measures in assessing parental cognitions may be valuable. Moreover, the empirical studies support the hypothesis that maladaptive parenting is characterized by rigidity schemata and associated with inadequate parental attitudes and errors in perceiving children’s emotional signals, but mostly for neglect and particularly when hetero-reported. Theoretically, these findings support the SIP model and emphasize the potential utility of socio-cognitive approaches in the evaluation and explanation of child maltreatment. The reported studies also represent a valuable methodological approach for assessing both maltreatment and parental cognitions. Overall, this work presents a contribution to the still emerging research about parental cognitions in the context of child maltreatment, with important implications for research and intervention.