Título
Análise crítica de discurso: o género pela Comissão Europeia (2000-2019)
Autor
Santos, Maria Sofia David
Resumo
pt
As pessoas são diferenciadas de forma hierárquica pela existência de estruturas sociais que moldam as
relações humanas. Exemplo disso é o género, uma construção social sem fundamentos biológicos que a
sustentem, está alicerçado em normas e expectativas associadas ao patriarcado, reprodutoras de
desigualdade. É neste contexto que o caminho da promoção de igualdade de género é construído por
vários atores, como é o caso da União Europeia (UE) com o seu projeto europeu de género. Nesta
investigação, perante o trilho lento e ineficaz para que a situação esteja mais equilibrada no quadro
comunitário, o foco incide sobre as causas associadas às relações de poder díspares, com destaque para
o papel que a semiótica desempenha na sua preservação ou transformação. De forma a captar traços de
evolução no enquadramento do género neste âmbito, é conduzido uma Análise Crítica de Discurso
(ACD) com cinco etapas, inspirada por pressupostos feministas e pós-estruturalistas, dos programas
plurianuais de promoção da igualdade de género da Comissão Europeia (CE), no período entre 2000 e
2019. Os resultados sugerem que o género tem vindo a ser emoldurado dentro de um quadro onde as
relações de poder, que contribuem para a sustentação das desigualdades, são reforçadas pela mobilização
convencional de recursos discursivos de ordens de discurso concorrentes (e.g. feminista v. paternalista).
Assimetrias e conceções limitadas (e.g. conceção binária do género) são reproduzidas, refletindo a
problemática de que este tipo de práticas semióticas é detrimentoso para alguns grupos e para uma
sociedade igualitária.
en
People are differentiated hierarchically by the existence of social structures that shape human relations.
An example of this is gender, a social construction without any biological basis to support it, it is based
on norms and expectations associated with patriarchy, which reproduces inequality. Within this context,
the promotion of gender equality is been built by various actors, such as the European Union (EU) with
its European gender project. In this investigation, given the slow and ineffective path for a more balanced
situation within the community, the focus is on the causes associated with unequally power relations,
with emphasis on the role that semiotics plays in its preservation or transformation. In order to capture
evolution traces of gender framing in this context, a Critical Discourse Analysis (CDA) is conducted in
five stages, inspired by feminist and post-structuralist assumptions, of the European Commission’s (EC)
pluriannual policy programs on gender equality promotion, between 2000 and 2019. The results suggest
that gender has been outline in a framework where power relations, that contribute to inequality
sustaining, are reinforced by the conventional mobilization of discursive resources from orders of
competitive discourse (e.g. feminist v. paternalism). Asymmetries and limited conceptions (e.g. binary
conception of gender) are reproduced, reflecting the problem that this type of semiotic practices is
detrimental to some groups and to an egalitarian society.