Título
Diferenças de sexo no uso retrospetivo de preservativo: O papel das preocupações com ISTs e gravidez e do foco regulatório
Autor
Rente, Maria Gonçalves
Resumo
pt
O uso inconsistente de preservativos continua a ser um problema de saúde pública.
Porém, homens e mulheres poderão diferir nas suas razões para (não) usar preservativo
de forma consistente. Nomeadamente, homens e mulheres poderão diferir nas suas
preocupações com as infeções sexualmente transmissíveis (ISTs) e com a gravidez
indesejável como resultado do sexo sem preservativo. Para além disso, e segundo a Teoria
do Foco Regulatório, diferentes motivações individuais de segurança (foco em
prevenção) ou prazer (foco em promoção) tendem a originar diferentes comportamentos
sexuais, incluindo o uso de preservativo. Este estudo teve por objetivo analisar razões e
motivações no comportamento sexual que contribuíram para um uso mais (ou menos)
consistente de preservativo. De um modo geral, esperávamos que pessoas mais
preocupadas com ISTs e com a gravidez, bem como pessoas com um foco em promoção,
indicassem ter usado preservativos menos frequentemente nos últimos seis meses com
parceiros casuais. Nestas análises explorámos diferenças entre homens e mulheres. Mais,
nestas análises controlámos a idade e a escolaridade, uma vez que são fatores associados
ao sexo sem preservativo.
Foi conduzido um estudo correlacional com 179 participantes heterossexuais e
sem uma relação amorosa (68,2% do sexo feminino; Midade = 23,61, DP = 3,49). Dois
modelos de regressão linear hierárquicos revelaram que homens mais velhos, menos
preocupados com gravidez e mais focados na promoção (vs. prevenção) indicaram ter
usado preservativos menos frequentemente. Por sua vez, mulheres mais preocupadas com
gravidez e mais focadas na promoção (vs. prevenção) indicaram ter usado preservativos
menos frequentemente. Análises ad hoc relevaram ainda que a associação entre
preocupação com gravidez e frequência de sexo sem preservativo ocorreu sobretudo entre
as mulheres que não utilizaram outro método contracetivo para além do preservativo.
en
Inconsistent condom use remains a public health problem. However, men and
women may differ in their reasons for (not) using condoms consistently. In particular,
men and women may differ in their concerns about sexually transmitted infections (STIs)
and unwanted pregnancies as a result of sex without a condom. In addition, and according
to the Regulatory Focus Theory, different individual motivations for safety (focus on
prevention) or pleasure (focus on promotion) tend to lead to different sexual behaviors,
including condom use. This study aimed to analyze reasons and motivations in sexual
behavior that contributed to a more (or less) consistent condom use. Overall, we expected
people most concerned about STIs and pregnancy, as well as people with a focus on
promotion, to indicate that they used condoms less frequently in the past six months with
casual partners. In these analyzes we explored differences between men and women.
Furthermore, in these analyzes we controlled age and education, since they are factors
associated with sex without a condom.
A correlational study was conducted with 179 heterosexual participants and
without a romantic relationship (68,2% female; Mage = 23,61, SD = 3,49). Two
hierarchical linear regression models revealed that older men, less concerned with
pregnancy and more focused on promotion (vs. prevention) indicated that they used
condoms less frequently. In turn, women more concerned with pregnancy and more
focused on promotion (vs. prevention) reported having used condoms less frequently. Ad
hoc analyzes also revealed that the association between concern about pregnancy and
frequency of sex without a condom occurred mainly among women who did not use a
contraceptive method other than condoms.