Título
Os militares portugueses e a descolonização em Cabo Verde
Autor
Pires, Sandra Maria da Cunha
Resumo
pt
Objeto de estudo: a intervenção dos militares portugueses no decurso da descolonização e
transição para a independência em Cabo Verde, entre 25 de Abril de 1974 e 5 de julho de 1975.
Analisa-se a ação militar e política das forças armadas locais, nas relações estabelecidas tanto
com a população como com as correntes nacionalistas, de modo a apurar em que medida
contribuíram para a fase final da descolonização.
Principais questões de pesquisa: emergência da identidade cabo-verdiana; passagem
das formas de resistência ao colonialismo na longa duração para a estruturação do nacionalismo
cabo-verdiano novecentista; impacto da realidade colonial nas atitudes ou predisposições dos
militares expedicionários; formas de organização e participação política das forças militares
locais.
Justificação: na literatura sobre a componente militar portuguesa da descolonização são
notórias duas lacunas: os estudos sobre a participação militar no processo da Descolonização,
nomeadamente do MFA privilegiam o papel dos centros de decisão metropolitanos; a análise
centra-se nos espaços coloniais em que houve luta armada. Delas resulta a carência de estudos
sobre a intervenção dos militares estacionados em Cabo Verde.
Domínio científico e metodológico: Tema de História Política e Social assente no
cruzamento da História Colonial com a História de Cabo Verde. Metodologicamente: recurso à
História narrativa para a reconstituição dos acontecimentos; cruzamento alargado de fontes de
arquivo com fontes sitográficas; recurso à História Oral; cruzamento de documentação militar e
de instituições governamentais; diplomática, panfletária, legislativa, de imprensa periódica;
levantamento de literatura memorialística e de testemunhos orais transcritos; documentários
filmados.
Dos resultados apurados sublinham-se: cronologias detalhadas (legislação colonial;
revoltas anticoloniais; processo político 1974-1975; visitas da ONU); levantamentos (presos
políticos; efetivos militares e militarizados antes e depois de abril 1974); caracterização global
dos movimentos nacionalistas.
Foi possível concluir que as forças armadas (FAP e MFA) participaram ativamente na vida
do arquipélago, e que a conjugação da função militar com a forma como foram assumindo
decisões políticas asseguraram a transição pacífica à independência, num ambiente com
frequência explosivo.
en
Object of study: the intervention of the Portuguese military during decolonization and
transition to independence in Cape Verde, between April 25, 1974 and July 5, 1975. The
military and political action of the local armed forces is analysed, as well as the relations
established both with the population and with nationalist movements, to ascertain to what extent
they contributed to the final stage of decolonization.
Main research questions: emergence of Cape Verdean identity; transition from long-term
forms of resistance to colonialism to the structuring of nineteenth-century Cape Verde
nationalism; impact of colonial reality on the attitudes or predispositions of the expeditionary
military; forms of organisation and political participation of local military forces.
Justification: in the literature on the Portuguese military component of decolonisation, two
gaps are notorious: studies on military participation in the Decolonisation process, namely of
the MFA, give priority to the role of metropolitan decision centres; the analysis focuses on
colonial spaces where there was armed struggle. As a result, there is a lack of studies on the
intervention of military personnel stationed in Cape Verde.
Scientific and methodological field: Political and Social History theme based on the
intersection of Colonial History with the History of Cape Verde. Methodology: use of narrative
history to reconstitute events; wide cross-referencing of archive sources with sitographic
sources; use of Oral History; cross-referencing of military and government documentation;
diplomatic, pamphlet, legislative documents, and periodic press; collection of memorialist
literature and transcribed oral testimonies; filmed documentaries.
The results include: detailed chronologies (colonial legislation; anticolonial rebellions;
political process 1974-1975; UN visits); surveys (political prisoners; military and militarized
personnel before and after April 1974); global characterization of nationalist movements.
It was possible to conclude that the armed forces (FAP and MFA) actively participated in the
life of the archipelago, and that the combination of military function and the way in which
political decisions were taken ensured the peaceful transition to independence, in an often explosive environment.