Título
A reconstrução imaginária de Sants: Economia solidária, utopias para transformação eco-social
Autor
Gonçalves, Mayra Coelho
Resumo
pt
Estamos submersos em uma era de crises – económica, ecológica e democrática – que mantém a
vida sob constante risco. O mercado tem prioridade sobre a vida e a economia capitalista
mercantiliza suas variadas dimensões. É urgente reposicionar a vida e o planeta no centro,
‘resubstanciar’ a economia de valor social. Assim, esta investigação inicia-se com um escrutínio
crítico do capitalismo através da análise dos processos de construção, reconstrução e desconstrução
do conceito de ‘desenvolvimento’. A fim de romper seu campo discursivo-ideológico, adota-se a
perspectiva de autores ‘pós-desenvolvimentistas’ que defendem o exame de práticas alternativas
que emanam de movimentos sociais e a adoção de novas epistemologias. Para consubstanciar estas
alternativas ao modelo capitalista, aqui defende-se o uso do conceito de ‘transformação eco-social’.
O objeto de estudo desta dissertação é, então, uma destas alternativas: a economia solidária,
nomeadamente, o ecossistema solidário do bairro de Sants em Barcelona. Procura-se compreender
os fatores que possibilitaram à eclosão de diversas iniciativas contra-hegemónicas e de que forma
estas recriam o imaginário social. Para tal, examina-se tanto processos subjetivos individuais quanto
coletivos com intuito de explorar como utopias se traduzem em iniciativas transformadoras. Central
a análise estão dois conceitos: a ‘transformação eco-social’, para suplantar o ‘desenvolvimento’, e a
‘utopia’, que advogo ser importante como método para construção de outros futuros.
Com o emprego da utopia como método, o objetivo é compreender de que forma se dá o processo
de reconstrução imaginária de Sants e como fazer florescer alternativas na direção de sociedades
mais democráticas, justas, equitativas e sustentáveis.
en
We are submerged in an era of crises - economic, ecological and democratic - that keeps life under
constant risk. The market has priority over life and the capitalist economy commodifies its various
dimensions. It is urgent to reposition life and the planet at the center, to resubstantiate the economy
of social value. Thus, this research begins with a critical scrutiny of capitalism by analyzing processes
of construction, reconstruction and deconstruction of 'development' as a concept. In order to break
its discursive-ideological field, we adopt the perspective of 'post-developmentalist' authors who
advocate the examination of alternative practices that emanate from social movements and the
adoption of new epistemologies. To embody these alternatives to capitalism, the concept of 'ecosocial
transformation' is proposed.
The object of study of this dissertation is, then, one of these alternatives: the solidarity
economy, namely, the solidarity ecosystem of the Sants neighborhood in Barcelona. It seeks to
understand the factors that have enabled the emergence of various counter-hegemonic initiatives
and how these recreate the social imaginary. To this end, both individual and collective subjective
processes are examined in order to explore how utopias translate into transformative initiatives.
Central to the analysis are two concepts: 'eco-social transformation', to supplant 'development', and
'utopia', which I argue is important as a method for constructing other futures.
Using utopia as a method, the goal is to understand how the process of imaginary reconstruction
of Sants takes place and how to make alternatives flourish towards more democratic, just, equitable
and sustainable societies.