Título
The aftermath of crises: The political perception of Portuguese millennials
Autor
Estêvão, Margarida Lino de Sousa
Resumo
pt
Em Portugal, a introdução da Geração Milénio no discurso público tem sido feita de mãos dadas com a ideia da(s) crise(s). Os estudos existentes sobre a crise de 2011 destacam consequências decorrentes da conjuntura austeritária, sublinhando a definição de um regime social de existência precária entre os grupos populacionais vulneráveis – onde se incluem os indivíduos identificados como Millennials –, e uma cidadania política fraca, traduzida em baixos níveis de participação e desconfiança face ao sistema político. No entanto, após o deflagrar da crise pandémica e consequente crise económica em 2019, estas premissas carecem de atualização. Por um lado, é necessário revisitar os efeitos da crise de 2011 à luz da possível perpetuação dessas desigualdades socioeconómicas por exercício da crise de 2019. Por outro lado, a importância destas crises no contexto em que os Millennials se inserem implica um olhar compreensivo da relação crises-geração, nomeadamente ao nível da dimensão política. A presente dissertação visa contribuir parcialmente para a resolução destas ausências na literatura, sugerindo uma primeira definição do conceito de perceção política, e propondo analisar o efeito combinado das crises sobre a perceção política dos Millennials Portugueses. Esta investigação conta com 15 entrevistas semiestruturadas, analisadas de acordo com uma estratégia de análise de conteúdo mista suportada pelo software MAXQDA. A análise dos resultados sugere que a experimentação das duas crises se traduz na perpetuação da condição precária inaugurada em 2011, atuando como marcador geracional (1), e que essa mesma condição influencia a perceção política dos indivíduos (2).
en
In Portugal, the introduction of the Millennial Generation within public discourse has gone hand in hand with the idea of crisis. Existing studies on the 2011 crisis highlight consequences arising from the austeritarian conjuncture, underlining the definition of a social regime of precarious existence among vulnerable population groups – including individuals identified as Millennials –, and a weak political citizenship, translated into low levels of participation and distrust towards the political system. However, after the outbreak of the pandemic and consequent economic crisis in 2019, these premises need updating. On the one hand, it is necessary to revisit the effects of the 2011 crisis in light of the possible perpetuation of these socioeconomic inequalities due to the 2019 crisis. On the other hand, the importance of these crises in the context in which Millennials are inserted implies a comprehensive look at the crisis-generation relationship, particularly within the political dimension. The present dissertation aims to partially contribute to the resolution of these absences in the literature, suggesting a definition of the concept of political perception, and proposing to analyze the combined effect of crises on the political perception of Portuguese Millennials. This investigation presents 15 semi-structured interviews, analyzed according to a mixed content analysis strategy supported by the MAXQDA software. The analysis of the results suggests that the experimentation of the two crises translates into the perpetuation of the precarious condition inaugurated in 2011, acting as a generational marker (1), and that this same condition influences the political perception of individuals (2).