Título
Aos bons velhos tempos? As atitudes dos cidadãos face ao passado autocrático na Europa Central e do Leste
Autor
Foguete, André Alexandre Caçador
Resumo
pt
O colapso dos regimes autocráticos comunistas europeus e, consequente, independência e
democratização do mundo comunista, nos anos 90 do século XX, patrocinou um novo cenário
internacional, com a abertura da Europa do Central e do Leste ao Ocidente. Apesar disso, nem
todos os estados seguiram o mesmo rumo económico, político e social, apresentando uma
diversidade de percursos, sendo que nos diversos países continuou-se a assistir à manutenção
de alguns elementos associados ao regime anterior. Ao mesmo tempo, no período posterior à
queda do mundo soviético, diversos estudos de opinião pública demonstraram níveis
consideráveis de atitudes favoráveis dos cidadãos em relação ao passado autocrático.
Influenciados por estas descobertas, alguns estudos procuraram compreender este fenómeno
através de um enfoque em fatores aos níveis micro e macro; no entanto, estes demonstram-se
limitados do ponto de vista das respostas alcançadas e do número de casos analisados. Neste
sentido, a presente dissertação procurou contribuir para este debate, com a apresentação de
uma visão multi-explicativa e alargada, analisando 20 estados com passado associado aos
regimes autocráticos comunistas da Europa Central e do Leste, entre 1995 e 1999. Com base
no trabalho empírico realizado, a presente dissertação evidencia que as atitudes face ao
passado resultam de fatores associados ao indivíduo (exposição ao período autocrático,
ideologia e a avaliação face ao atual regime) e ao sistema (presença de partidos sucessores e o
posicionamento destes em relação ao anterior regime).
en
The collapse of Europe's autocratic communist regimes and, consequently, the independence
and the democratization of the communist world in the 1990s brought about a new
international scenario with Central and Eastern Europe opening their doors to the West.
Despite this, not all states followed the same economic, political, and social course, with
various paths, and in several countries, some elements associated with the previous regime
were still observable. At the same time, after the fall of the Soviet world, various public
opinion studies showed considerable levels of favorable attitudes among citizens towards the
autocratic past. Influenced by these findings, several scholars have sought to understand this
phenomenon by focusing on factors at the micro and macro levels; however, their
contributions are limited in terms of the answers obtained and the number of cases under
analysis. In this sense, this dissertation sought to contribute to this debate by presenting a
multi-explanatory and broader view, analyzing 20 former communist countries in Central and
Eastern Europe between 1995 and 1999. Based on the empirical evidence, this dissertation
shows a relationship between attitudes towards the past and individual (exposure to the
autocratic period, ideology, and assessment of the current regime) and systemic dimensions
(presence of successor parties and their position about the previous regime).