Título
Coesão social na União Europeia: O cidadão faz a união?
Autor
Henriques, João Paulo Vicente
Resumo
pt
Este estudo debruça-se teórica e empiricamente sobre a coesão social. O principal objetivo é o de mapear e explicar o espaço de coesão social na UE (CS-UE), a partir da perspetiva dos cidadãos, de baixo para cima.
Através duma metodologia quantitativa, com dados do Eurobarómetro 95.1, de 2019, a CS-UE foi operacionalizada em quatro dimensões: 1) relações horizontais (cidadão-cidadão); 2) relações verticais (cidadãos – instituições europeias), 3) pertença, e 4) práticas transfronteiriças. Para explicar e compreender a CS-UE, esta foi analisada à luz da sua relação com a estrutura social: as desigualdades sociais e o bem-estar subjetivo como caraterizadores das condições de vida; os valores e as representações da UE como espaço ideacional; e a coesão social nacional como espaço intermédio entre os cidadãos e a UE.
Os resultados mostram que a CS-UE é um espaço diferenciado entre cidadãos e entre Estados-Membros, e que as relações formais são mais fortes que as informais.
A vertente subjetiva de CS-UE, atitudes e a pertença, é mais explicada pelo espaço ideacional das representações da UE e dos valores. Representações positivas da UE promovem a coesão social, enquanto representações negativas a erodem. Salienta-se a relação positiva entre a CS-UE e os valores de democracia e direitos, e de pluralidade, e a relação negativa com os valores de individualidade e protecionismo.
A vertente objetiva de CS-UE, as práticas transfronteiriças, é mais explicada pelas desigualdades sociais e pelo bem-estar subjetivo, a favor das categorias sociais mais bem posicionadas na estrutura social e de maior bem-estar.
en
This study focuses theoretically and empirically on social cohesion. The main objective is to map and explain the space of social cohesion in the EU (EU-SC), through a bottom-up approach, that is, from the citizens perspective.
Using a quantitative methodology, with data from Eurobarometer 95.1, from 2019, EU-SC was operationalised in four dimensions: 1) horizontal relations (citizens-citizens); 2) vertical relations (citizens - European institutions), 3) belonging, and 4) cross-border practices. The EU-SC was analysed through the relationship with the social structure: social inequalities and subjective well-being as features of living conditions; values and the representations of the EU as an ideational space; and national social cohesion as an intermediate space between citizens and the EU.
The results show that the EU-SC is an heterogenous space, both between citizens and between member states, and that formal relations are stronger than informal ones.
The subjective aspect of EU-SC, attitudes and belonging, is best explained by the ideational space of the representations of the EU and values. Positive representations of the EU promote cohesion, while negative representations erode it. This study found a positive relationship between EU-SC and the values of democracy and rights, and plurality, and a negative relationship between EU-SC and the values of individuality and protectionism.
The objective aspect of EU-CS, cross-border practices, is more explained by social inequalities and subjective well-being, in favour of social categories better positioned in the social structure and with greater well-being.