A crise climática mobiliza diversos atores para o debate e ação. O sistema financeiro foi incluído nesta discussão após a assinatura do Acordo de Paris, em 2015, e as instituições financeiras tem-se mostrado mais conscientes do risco que as alterações climáticas representam. A estabilidade financeira pode ser afetada devido a riscos físicos e de transição e, por este motivo, os riscos climáticos devem integrar as rotinas das instituições financeiras. Setores económicos que emitem grandes quantidades de CO2, como a indústria do petróleo e gás, são os maiores causadores das alterações climáticas e, portanto, representam um alto risco para investidores. Neste sentido, os bancos centrais têm um papel preponderante enquanto entidades supervisoras e que visam a estabilidade económica. O presente estudo tem como objetivo discutir o papel dos bancos centrais em promover a redução do investimento no setor de petróleo e gás. Utilizando teorias do institucionalismo histórico, o trabalho apresenta um estudo de caso das políticas climáticas adotadas pelos bancos centrais do Reino Unido e do Brasil e a análise do respetivo impacto na tendência de empréstimos de bancos comerciais dos dois países nos setores estudados entre 2018 e 2023. Os resultados demonstraram diferenças na abordagem dos dois bancos centrais e os efeitos na tendência de investimento dos bancos comerciais. A base teórica utilizada permitiu compreender fatores que influenciam a tomada de decisão e pode ser útil em outros estudos sobre o impacto dos bancos centrais no comportamento de investimento da banca, e de que forma estes podem contribuir para a redução do financiamento de setores carbono-intensivos.

The climate crisis has mobilised various stakeholders for both debate and action. The financial system was brought into this discussion following the signing of the Paris Agreement, in 2015, and financial institutions have since become increasingly aware of the risks posed by climate change. Financial stability may be affected by physical and transition risks and, for this reason, climate risks must be integrated into financial institutions routines. Economic sectors that emit large quantities of CO2, such as the oil and gas industry, are the primary contributors to climate change and therefore present a significant risk for investors. In this context, central banks play a crucial role as supervisory entities with a mandate to maintain economic stability. The present study aims to discuss the role of central banks in promoting the reduction of investment in the oil and gas sector. Drawing on theories of historical institutionalism, the work presents a case study of climate policies adopted by the central banks of the United Kingdom and Brazil, and analyses their impacts on the lending trends of commercial banks in both countries for the studied sectors between 2018 and 2023. The results highlighted differences in the approaches taken by the two central banks and discuss the effects on investment trends of commercial banks. The theoretical framework used elucidated some factors influencing decision-making and may prove valuable for other studies examining the impact of central banks on the investment behaviour of financial institutions, and how they may contribute to reducing financing for carbon-intensive sectors.