Título
The impact of inflation on income disparities
Autor
Coutinho, Marta Sofia Ferreira de Carvalho
Resumo
pt
A economia global tem recentemente experienciado uma subida da inflação, após um período
prolongado de taxas de juro baixas ou até negativas, impulsionada por fatores como as
disrupções nas cadeias de abastecimento, o aumento dos preços da energia e políticas fiscais
expansivas implementadas durante a pandemia de COVID-19. Este surto inflacionário,
particularmente acentuado nas economias desenvolvidas, tem tido um impacto significativo na
distribuição de rendimentos, afetando de forma desproporcional os agregados familiares de
rendimentos mais baixos. O rápido aumento dos preços ao consumidor diminuiu os salários
reais e o poder de compra, especialmente entre aqueles com rendimentos fixos ou com acesso
limitado a ativos que resistem à inflação.
Nesta investigação, analisamos como a inflação influencia a desigualdade de rendimentos
em quatro economias avançadas — Alemanha, Portugal, Estados Unidos e Japão — entre 1980
e 2023. Especificamente, o efeito da inflação no coeficiente de GINI, nas quotas de rendimento
dos 50% mais baixos e dos 10% mais altos, utilizando um modelo de Vetor Autorregressivo
(VAR) e Funções de Resposta ao Impulso (IRF).
A análise indica que a inflação tende a agravar a desigualdade de rendimentos nos Estados
Unidos e na Alemanha, onde o poder de compra dos agregados familiares de rendimentos mais
baixos é significativamente diminuído, enquanto os indivíduos mais ricos conseguem preservar
ou até aumentar a sua riqueza. Por outro lado, no Japão, a inflação parece ter um efeito mais
neutro ou até igualitário, reduzindo por vezes a quota de rendimento dos 10% mais altos. Em
todos os países, o PIB revela-se como um fator central na redução da desigualdade, promovendo
uma distribuição mais equitativa através do crescimento económico. As taxas de juro de longo
prazo (ILRV) têm um efeito mais moderado, mas ainda relevante, particularmente em mercados
com sistemas financeiros mais desenvolvidos.
Ao examinar estas variáveis macroeconómicas ao longo do tempo, esta investigação
oferece insights valiosos sobre as interações complexas entre inflação, desigualdade de
rendimentos e crescimento económico, fornecendo recomendações para os decisores políticos
sobre como enfrentar os efeitos negativos da inflação nas populações mais vulneráveis.
en
The global economy has recently experienced rising inflation following a prolonged period of
low or even negative interest rates, driven by factors such as supply chain disruptions, rising
energy prices, and expansive fiscal policies implemented during the COVID-19 pandemic. This
inflationary surge, particularly pronounced in developed economies, has had a significant
impact on income distribution, disproportionately affecting lower-income households. The
rapid increase in consumer prices has diminished real wages and purchasing power, especially
among those with fixed incomes or limited access to inflation-resistant assets.
In this research, we analyze how inflation influences income inequality across four
advanced economies—Germany, Portugal, the United States, and Japan—from 1980 to 2023.
Specifically, we investigate the effect of inflation on the GINI coefficient, the income shares of
the bottom 50%, and the top 10%, using a Vector Autoregression (VAR) model and Impulse
Response Functions (IRFs).
The analysis indicates that inflation tends to exacerbate income inequality in the United
States and Germany, where the purchasing power of lower-income households is more
significantly diminished, while wealthier individuals are able to preserve or even grow their
wealth. Conversely, in Japan, inflation appears to have a more neutral or equalizing effect, at
times reducing the income share of the top 10%. Across all countries, GDP is shown to play a
central role in reducing inequality, promoting more equitable distribution through economic
growth. Long-term interest rates (ILRV) have a more moderate but still relevant effect,
particularly in markets with more developed financial systems.
By examining these macroeconomic variables over time, this research provides valuable
insights into the complex interactions between inflation, income inequality, and economic
growth, offering recommendations for policymakers to address the negative effects of inflation
on vulnerable populations.