Esta dissertação investigou as relações entre duas estratégias de regulação emocional (RE) (reavaliação cognitiva (RC) e supressão expressiva (SE)), a variabilidade da frequência cardíaca (HRV) e a autoestima (AE) no contexto escolar. Compreender as interações entre estas variáveis e identificar o contributo de fatores de regulação emocional (subjetivos e fisiológicos) em relação à autoestima pode ser relevante para a promoção da saúde e da resiliência nas crianças. Para o presente estudo, foram recolhidos dados de 270 alunos do 3º e 4º ano (M = 8.68 years, SD = 0.85, 43,7% do sexo feminino) de escolas de Territórios de Intervenção Educativa Prioritária (TEIP) em Lisboa. Os participantes preencheram uma versão portuguesa do Questionário de Regulação Emocional para Crianças e Adolescentes, bem como a Escala de Autoestima ao Longo da Vida. Os índices de HRV foram calculados a partir de registos de Eletrocardiograma. Ao medir as respostas subjetivas e o funcionamento fisiológico durante o período de aulas, foi adotada uma abordagem com validade ecológica, que complementa os conhecimentos em investigação laboratorial. Foi realizada uma análise de regressão para testar se a interação entre as medidas de regulação emocional (subjetivas e fisiológicas) podem prever melhor as diferenças na AE do que indicadores subjetivos isoladamente. Os resultados identificaram que a RC, mas não a SE, é um fator preditor significativo e positivo da AE. A HRV não moderou a relação entre a RC e a AE, mas mostrou-se um preditor positivo da AE na análise de regressão. Estes resultados sugerem que a HRV em conjunto com o recurso a RC como constituem variáveis preditoras da AE. As relações entre as variáveis individuais e a AE são consistentes com a teoria e com investigações anteriores. No entanto, foram efetuados poucos estudos com crianças e nenhum estudo anterior analisou a combinação das estratégias da RE e da HRV como fatores de previsão da AE na meia-infância. A avaliação do funcionamento cardíaco isoladamente poderá não constituir um indicador suficiente de regulação autonómica para explicar a autoestima, sendo a dimensão do seu efeito preditor muito reduzido. Para estudos futuros seria importante a triangulação de medidas de regulação emocional (subjetivas, fisiológicas e comportamentais), incluindo outros sinais corporais para uma investigação mais abrangente de modelos inter-sistemas do funcionamento autonómico em contextos naturalistas.

This dissertation investigated the relationship between two emotion regulation (ER) strategies (cognitive reappraisal (CR) and expressive suppression (ES)), heart rate variability (HRV) and self-esteem (SE) in the school context. Understanding the interactions between these variables and identifying the contribution of emotional regulation factors (subjective and physiological) in relation to self-esteem may be relevant to promoting health and resilience in children. For the present study, data was collected from 270 3rd and 4th grade students (M = 8.68 years, SD = 0.85, 43.7% female) from schools in Priority Educational Intervention Territories (TEIP) in Lisbon. The participants completed a Portuguese version of the Emotional Regulation Questionnaire for Children and Adolescents, as well as the Lifelong Self-Esteem Scale. HRV indices were calculated from electrocardiogram recordings. By measuring subjective responses and physiological functioning during class, an approach with ecological validity was adopted, which complements the knowledge in laboratory research. A regression analysis was carried out to test whether the interaction between emotion regulation measures (subjective and physiological) can better predict differences in SE than subjective indicators alone. The results identified that CR, but not ES, is a significant and positive predictor of SE. HRV did not moderate the relationship between CR and SE but proved to be a positive predictor of SE in the regression analysis. These results suggest that HRV together with the use of CR are predictive variables of SE. The relationships between the individual variables and SE are consistent with theory and previous research. However, few studies have been carried out with children and no previous studies have analysed the combination of ER strategies and HRV as predictors of SE in middle childhood. The assessment of cardiac functioning alone may not be a sufficient indicator of autonomic regulation to explain SE, as the size of its predictive effect is very small. For future studies, it would be important to triangulate measures of emotional regulation (subjective, physiological, and behavioural), including other bodily signals for a more comprehensive investigation of inter-system models of autonomic functioning in naturalistic contexts.