A presente dissertação de mestrado investiga o papel da comparação social em indicadores de saúde mental de imigrantes brasileiros residentes em Portugal. Baseando-se na Teoria da Comparação Social (Festinger, 1954), propomos que o grupo de referência utilizado pelos imigrantes brasileiros – seja ele a população portuguesa, outros imigrantes, ou a própria condição anterior no Brasil – está diretamente relacionado com indicadores de saúde mental dos imigrantes. Foi realizado um estudo com uma amostra de 306 imigrantes brasileiros, que responderam a questionários sobre suas experiências de comparação social, autoestima, depressão e ideação suicida. Os dados foram analisados utilizando modelagem de equações estruturais (SEM), e os resultados indicaram que comparações com a população portuguesa estão associadas a uma autoestima reduzida, a qual, por sua vez, está ligada a mais sintomas de depressão e maior ideação suicida. Por outro lado, comparações com imigrantes africanos pertencentes à comunidade de países de língua oficial portuguesa (CPLP), ou com outros imigrantes brasileiros, estão relacionadas a uma autoestima mais elevada e a uma melhor saúde mental. Os resultados desta dissertação contribuem para a compreensão dos mecanismos psicossociais subjacentes à adaptação de imigrantes brasileiros em Portugal, sugerindo que a dinâmica da comparação social desempenha um papel crucial na manutenção ou deterioração da saúde mental. Estratégias voltadas para aumentar a autoestima, promovendo comparações sociais mais favoráveis, podem ser eficazes na redução do risco de depressão e suicídio entre imigrantes brasileiros, além de fornecer uma base para a criação de políticas públicas que promovam a integração social e o bem-estar mental desta população.

This master's dissertation investigates the role of social comparison in mental health indicators among Brazilian immigrants living in Portugal. Based on Social Comparison Theory (Festinger, 1954), we propose that the reference group used by Brazilian immigrants—whether it is the Portuguese population, other immigrants, or their prior circumstances in Brazil—is directly related to their mental health indicators. A study was conducted with a sample of 306 Brazilian immigrants, who completed questionnaires on their social comparison experiences, self-esteem, depression, and suicidal ideation. Data were analyzed using Structural Equation Modeling (SEM), and the results indicated that comparisons with the Portuguese population are associated with lower self-esteem, which, in turn, is linked to more symptoms of depression and higher suicidal ideation. Conversely, comparisons with African immigrants from the Community of Portuguese-Speaking Countries (CPLP) or with other Brazilian immigrants are related to higher self-esteem and better mental health. The findings of this dissertation contribute to understanding the psychosocial mechanisms underlying the adaptation of Brazilian immigrants in Portugal, suggesting that social comparison dynamics play a crucial role in either maintaining or deteriorating mental health. Strategies aimed at enhancing self-esteem by promoting more favorable social comparisons may be effective in reducing the risk of depression and suicide among Brazilian immigrants and provide a foundation for creating public policies that foster social integration and mental well-being for this population.