A presente dissertação tem como objetivo estudar das dinâmicas de género no fisiculturismo, um contexto masculino onde existem poucas mulheres (tokens, segundo Kanter, 1977, 1993). Numa abordagem qualitativa, foi elaborado um estudo no contexto do fisiculturismo, procurando corroborar os pressupostos de Kanter (1977, 1993), isto é, perceber se existe a presença dos três “fenómenos do tokenism” relativamente às mulheres tokens: i) a elevada visibilidade; ii) a polarização das diferenças entre as mulheres e os homens; e iii) a assimilação aos papéis estereotípicos do seu grupo de pertença. O estudo foi sustentado na teoria do tokenism de Kanter (1977, 1993), numa perspetiva de género, com os contributos do conceito de performance de género, de Judith Butler (1990), e da teoria do patriarcado estrutural, de Sylvia Walby (1990). Ao nível empírico, foram realizadas 15 entrevistas individuais semiestruturadas a sete homens e oito mulheres atletas profissionais de fisiculturismo. Através da análise temática de Braun e Clarke (2006), é possível afirmar que as mulheres passam pela maioria das consequências negativas apontadas por Kanter (1977, 1993). Especificamente, no fisiculturismo, por estarem em minoria, as mulheres têm uma visibilidade superior à dos homens, tendo uma maior pressão para apresentarem um melhor desempenho; existe uma polarização das diferenças entre homens e mulheres, por parte dos primeiros, levando ao seu isolamento social nalguns casos; e, por fim, existe uma assimilação parcial que, por vezes, leva as mulheres atletas a ficar, de certa forma, "aprisionadas” aos papéis estereotípicos do seu grupo de pertença. Concluindo, existe uma desigualdade de género no fisiculturismo que é prejudicial às mulheres.

The present dissertation aims to study gender dynamics in bodybuilding, a predominantly male context with few women (tokens, according to Kanter, 1977, 1993). In a qualitative approach, a study was conducted in the context of bodybuilding, seeking to corroborate Kanter's assumptions (1977, 1993), that is, to understand if the three "phenomena of tokenism" exist regarding token women: i) high visibility; ii) polarization of differences between women and men; and iii) assimilation into stereotypical roles of their group. The study was supported by Kanter's tokenism theory (1977, 1993), from a gender perspective, with contributions from Judith Butler's gender performance concept (1990) and Sylvia Walby's theory of structural patriarchy (1990). Empirically, 15 semi-structured individual interviews were conducted with seven men and eight women professional bodybuilding athletes. Through Braun and Clarke's thematic analysis (2006), it can be stated that women experience most of the negative consequences pointed out by Kanter (1977, 1993). Specifically, in bodybuilding, because they are in the minority, women have higher visibility than men, facing greater pressure to perform better; there is a polarization of differences between men and women, by the former, leading to social isolation in some cases; and, finally, there is a partial assimilation that sometimes leads female athletes to be somewhat "trapped" in the stereotypical roles of their group. In conclusion, there is gender inequality in bodybuilding that is detrimental to women.