Cuidar de familiares em situações de dependência frequentemente coloca os cuidadores informais perante grandes desafios, que podem afetar significativamente o seu bem-estar físico e mental. Diante desta realidade, o presente estudo de natureza qualitativa explora as práticas de autocuidado destes cuidadores, e procura compreendê-las à luz das estratégias de regulação emocional propostas por James Gross no seu Modelo Processual de Regulação Emocional. O objetivo do estudo foca-se em compreender se os comportamentos de autocuidado atuam como uma forma de regulação emocional, ajudando os cuidadores a lidar com o stress, a ansiedade e o burnout decorrentes do cuidado prolongado que prestam a familiares. Para alcançar estes objetivos, foram selecionadas 14 entrevistas semiestruturadas realizadas previamente num outro estudo acerca do autocuidado de cuidadores informais. Os participantes das entrevistas incluíram cuidadores informais de adultos, que prestavam apoio a familiares em relações laterais (como irmãos), de descendência (pais ou avós), ou conjugais (cônjuges). Posteriormente, realizou-se uma análise de conteúdo das narrativas dos cuidadores, análise esta que buscou relacionar as práticas de autocuidado com as estratégias de regulação emocional, tais como modificação da situação, distribuição da atenção, reavaliação cognitiva e modulação de respostas. O processo de análise de conteúdo visou identificar temas recorrentes, categorizar conteúdos, resumir os principais pontos e examinar padrões e discrepâncias presentes nas entrevistas. Os resultados indicaram que as práticas de autocuidado desempenham um papel importante na regulação emocional dos cuidadores informais, notando esta regulação como essencial para a manutenção do bem-estar e da saúde emocional dos mesmos.

Caring for family members in situations of dependency often presents informal caregivers with big challenges that can significantly affect their physical and mental well-being. Given this reality, this qualitative study explores the self-care practices of these caregivers and seeks to understand them in the light of the emotional regulation strategies proposed by James Gross in his Processual Model of Emotional Regulation. The aim of the study is to understand whether self-care behaviors act as a form of emotional regulation, helping caregivers to cope with the stress, anxiety and burnout resulting from the prolonged care they provide to family members. To achieve these objectives, 14 semi-structured interviews previously conducted in another study on the self-care of informal caregivers were selected. The participants in these interviews were informal caregivers of adults, in contexts of lateral kinship, descent or conjugal relationships. Subsequently, a content analysis of the caregivers' narratives was carried out, which sought to relate self-care practices to emotional regulation strategies, such as modifying the situation, distributing attention, cognitive reassessment and modulating responses. The content analysis process aimed to identify recurring themes, categorize content, summarize the main points and examine patterns and discrepancies present in the interviews. The results indicated that self-care practices play an important role in the emotional regulation of informal caregivers, and that this regulation is essential for maintaining their well-being and emotional health.