O teletrabalho, apesar da sua origem há diversas décadas, apenas se tornou prática comum no tecido empresarial português a partir de 2020, como forma de mitigar a disseminação da COVID-19. A sua implementação em massa, e o caráter urgente que a caracterizou, afetou, simultaneamente, milhares de trabalhadores que desconheciam este regime laboral, o que apesar dos seus efeitos positivos, desencadeou também impactos negativos. Verificada a necessidade de analisar os efeitos deste regime de trabalho em expansão, de forma a colmatar as inúmeras lacunas literárias que rodeiam o tema, o presente estudo procurou avaliar o papel do teletrabalho no work-life balance, motivação e bem-estar – alguns dos preditores de qualidade de vida no trabalho – comparando-o com o trabalho presencial, já tão enraizado em Portugal. Realizou-se um estudo de caráter quantitativo, com recolha dos dados através de um questionário online, sendo a amostra constituída por 240 participantes. Neste estudo, concluiu-se que o teletrabalho se associa a maiores níveis de WLB e motivação, comparativamente com o trabalho presencial, não tendo sido possível aferir diferenças significativas ao nível do bem-estar. Além disto, apuraram-se as complexas interações existentes entre os três preditores e como se influenciam entre si. Em suma, o presente estudo fomenta a discussão acerca do papel dos diferentes regimes de trabalho na qualidade de vida dos trabalhadores, destacando os benefícios e desafios do teletrabalho e sugerindo a sua aplicação prática em regimes híbridos, com vista à sua melhoria.

Although teleworking originated several decades ago, it only became a common practice in Portuguese business field from 2020 onwards, as a way of minimizing the spread of COVID-19. Its mass implementation, and the urgency that characterized it, simultaneously affected thousands of workers who were unaware of this regime, which despite its positive effects, also triggered negative impacts. Given the need to analyze the effects of this expanding work arrangement, in order to fill the numerous literature gaps surrounding the subject, this study sought to evaluate the role of teleworking in work-life balance, motivation and well-being – some of the predictors of quality of life at work - by comparing it with onsite work, which is already widely spread in Portugal. A quantitative study was carried out, collecting data through an online questionnaire, with a sample of 240 participants. This study concluded that teleworking is associated with higher levels of work-life balance and motivation, compared to onsite work, not being possible to evaluate significant differences in terms of well-being. In addition, the complex interactions between the three predictors and the way they influence each other were also investigated. In short, this study encourages discussion about the role of different working arrangements in workers' quality of life, highlighting the benefits and challenges of teleworking and suggesting its practical application in hybrid arrangements, with the purpose of improving it.