Título
Intuição na tomada de decisão em recrutamento e selecção
Autor
Sousa, João André Caeiro de
Resumo
pt
Neste trabalho analisa-se o papel da intuição nos processos de tomada de decisão em
recrutamento e selecção. Com base em dois estudos empíricos, foram exploradas as três
dimensões (inferencial, holística e afectiva) da intuição e a aptidão intuitiva individual. O
primeiro estudo, baseado em entrevistas semi-estruturadas efectuadas a 18 profissionais de
recrutamento e selecção, indicou que a necessidade de justificar as decisões perante terceiros
(responsabilização) apresenta uma relação negativa com o uso da intuição, ou seja,
aparentemente, quanto mais responsabilizados perante terceiros estão os profissionais, mais
tendem a procurar justificações racionais para as suas escolhas. No segundo estudo,
realizado com o intuito de aprofundar e explorar os resultados do estudo anterior, os dados
recolhidos através de questionário online a 115 profissionais da área indicam um uso mais
acentuado da intuição por parte dos profissionais do sexo masculino relativamente ao sexo
oposto, apesar de não serem notórias diferenças entre géneros no que concerne à aptidão
intuitiva. Este resultado, aparentemente contra-intuitivo em relação às prescrições
estereotípicas de género, é discutido à luz da moção de reactividade (backlash). Em geral, os
resultados indicam que a intuição está sempre presente nos processos de recrutamento e
selecção e desempenha um papel fundamental na tomada de decisão, sugerindo também
diferenças entre peritos e profissionais menos experientes no que toca à aptidão intuitiva e ao
uso da intuição na tomada de decisão.
en
This paper examines the role of intuition in personnel selection decision-making. Based on
two empirical studies, we explored the three dimensions (inferential, holistic and affective)
of intuition and individual intuitive ability. The first study, based on semi-structured
interviews with 18 personnel selection professionals indicate that the need to justify
decisions to others (accountability) shows a negative relationship with the use of intuition, in
other words, apparently, the more liable are professionals, more they tend to seek rational
justifications for their choices. In the second study, in order to deepen and explore the results
of the previous study, the data collected through the online questionnaire to 115
professionals indicate a more pronounced use of intuition by male professional in relation to
the opposite sex, despite that there are no gender differences regarding to intuitive ability.
This result seems counterintuitive in relation to stereotypical gender requirements, and it is
discussed in the light of the motion of reactivity (backlash). In general, the results shows that
intuition plays a key role in personnel selection decision-making. It also suggests differences
between experts and less experienced professionals regarding to intuitive ability and the use
of intuition in decision-making.