Título
Jovens e política: o papel da socialização na participação política
Autor
Varela, Alexandre Manuel Rosa
Resumo
pt
Considerado um elemento fundamental da democracia representativa, o sufrágio universal é o meio que os cidadãos têm ao dispor para intervir directamente na escolha dos seus representantes nas instituições democráticas e, assim, expressar o seu apoio ou
desacordo com as propostas políticas em «concurso». O decréscimo dos níveis de
participação eleitoral observado nos últimos anos, independentemente da fase de
consolidação democrática, é fonte de naturais preocupações para a própria legitimidade da
democracia. Em particular, o tradicional e elevado abstencionismo observado entre os mais
jovens suscita dois tipos de inquietações. Em primeiro lugar, a desmobilização geracional,
um arrefecimento geral na participação eleitoral observado de geração em geração. Em
segundo lugar, as especificidades próprias de uma fase de vida em que a política não parece
ser particularmente entusiasmante.
As explicações do efeito geracional e do efeito dos ciclos de vida respondem muito
bem a uma e outra inquietação, serenando alguns temores de crise: de um lado, a adesão a
formas alternativas de participação política e, de outro, a convicção de a integração social
com a entrada numa nova fase de vida [e o pacote de responsabilidades que a acompanha]
favorecer um maior envolvimento político. Porém, interessa também identificar as
diferenças que existem entre elementos pertencentes a um mesmo segmento etário. Para
isso foram entrevistados onze jovens com vários perfis de integração e relacionamento com
a política, interessando em particular, mapear os respectivos trajectos de vida, tendo como
grande referência os mecanismos de transmissão de referências políticas. Neste caso,
privilegiou-se o enfoque a partir da socialização política, esperando compreender o impacto
que a socialização política pode ter na configuração de uma cultura política de participação e
envolvimento políticos.
As diferenças observadas estão na base de tipos-ideais ou perfis de indivíduos
construídos para dar expressão a diferenças fundamentais identificadas nos
relacionamentos mantidos com a política. Desde logo, ao nível da participação política
(convencional e não convencional) mas também ao nível do envolvimento e interesse pela
política.
en
Universal suffrage, considered a basic element of representative democracy, is an instrument at the disposal of citizens to enable them to intervene directly in the choice of their representatives in democratic institutions and to express their support for or disagree
with the “competing” political proposals. The decreasing levels of electoral participation
observed during recent years, regardless of the stage of democratic consolidation, is a
natural source of concern in relation to the legitimacy of democracy itself.
The traditionally high level of abstention observed among young people in particular
raises two kinds of questions: in the first place, ‘generational demobilization’, a general
growing indifference towards electoral participation noticed from generation to generation;
in the second place, specific conditions observed at a time when politics does not seem
particularly interesting.
‘Generational-effect’ as well as ‘life-cycle’ based explanations may be the answer to
both questions, lessening some of the fear of a ‘crisis’ that exists: on the one hand there is
the idea of sticking to alternative forms of political participation; on the other hand there is
the belief that social integration, at the beginning of a new life cycle [and the arrival new
responsibilities], can lead to stronger political involvement. It is also important to identify
the existing differences between elements belonging the same age-group.
In order to fulfil the objectives of this study, interviews were held to eleven young
people from different political backgrounds, with the particular purpose of trying to ‘map’
their life courses, with reference to the transmission mechanisms of political reference.
In the case of this study, we focused on political socialization, aiming to understand its
impact on the configuration of a culture of political participation and involvement. The
differences observed are based on ‘ideal types’ or individual profiles constructed to express
the major differences which were identified when looking at their relationship with politics,
starting at the level of political participation (conventional or non-conventional), and continuing at the level of political involvement and interest in politically related issues.