Título
A influência da activação semântica do odor na percepção e julgamento social
Autor
Lopes, Celia Wubben
Resumo
pt
Sustentado na abordagem da Cognição Social Situada para a compreensão dos
processos de formação de impressões e julgamento social, o presente trabalho explora o
efeito de uma variável contextual – odor – nestes fenómenos. Mais concretamente,
analisamos em que medida a manipulação indirecta (i.e., semântica) do odor afecta
diferentes julgamentos. Com base em argumentos de ordem química, anatómica e teórica,
partimos da hipótese nula de que o odor não se encontraria ancorado na linguagem, pelo
que a sua activação semântica não teria efeito na avaliação de alvos abstractos e sociais,
nem se generalizaria a julgamentos acerca do experimentador nem do contexto
experimental. Para testar esta ideia, conduzimos um estudo experimental, em que
participantes primados semanticamente com um odor agradável (“perfumar”) ou
desagradável (“empestar”) efectuaram um conjunto de julgamentos. Os resultados
apoiam a hipótese proposta, não se tendo verificado um efeito significativo da
manipulação do odor nas medidas dependentes utilizadas. Adicionalmente, aos
argumentos de natureza química, anatómica e teórica que sustentam a hipótese nula
acrescentamos uma argumento de natureza estatística. Assim, e de forma a consolidar a
ausência de resultados significativos, realizámos uma power analysis, que comprovou a
existência de um efeito negligente da manipulação do odor nas respectivas medidas.
Conclui-se, por isso, que o odor, com uma natureza sensorial distinta das restantes
modalidades sensorias (e.g. visão), parece não se encontrar ancorado na linguagem,
nomeadamente, para situações de julgamento social.
en
Based on a Socially Situated Cognition approach to understand the processes that
underlie impression formation and social judgment, this work aims to explore the effect
of a contextual variable – odor – on these phenomena. More specifically, we analyzed in
which way an indirect manipulation of odor (i.e., conceptually primed), effected different
kinds of judgments. Supported on chemical, anatomical and theoretical arguments, a null
hypothesis was proposed suggesting that odor is not semantically anchored in language.
Therefore, its semantic activation would not have effects on the evaluation of abstract and
social targets, neither would generalize to the experimenter and the experimental
environment. To test this idea, we conducted an experiment in which participants were
semantically primed with a pleasant odor (“to perfume”) or an unpleasant odor (“to
stink”) and, subsequently, were asked to complete a series of judgments. The obtained
results support our hypothesis, as we didn’t observe any significant effect of the odor
manipulation on the dependent measures. Moreover, to the chemical, anatomic and
theoretical arguments that support the null hypothesis we added a statistical one. Thus, in
order to strengthen our claim for the null hypothesis, we conducted a power analysis,
which established that odor has a negligent effect on the different judgments. We
conclude that odor, which appears to have a different sensorial nature in relation to other
scents, seems not to be anchored in language, and therefore, when conceptually activated
does not affect judgments of social targets.