Título
O ajustamento das importações portuguesas: cíclico ou estrutural?
Autor
Cruz, João Paulo Alves da Cunha Marques da
Resumo
pt
Portugal alcançou um impressionante ajustamento externo nos últimos anos, resultado de uma explosão nas exportações e uma estabilização das importações. Têm existido algumas disputas em relação à natureza deste ajustamento, em particular para as importações, devido aos ganhos da balança corrente, terem sido alcançados, num período de forte contração da procura. A contração no comércio global, tem-se devido maioritariamente a fatores cíclicos, embora fatores estruturais, como as cadeias de valor globais, mudanças nos componentes da procura, o protecionismo e o financiamento do comércio, possam também ter contribuído para o efeito. Usando dados para o período de 1989 a 2014 e focando nas importações não energéticas, estimamos uma função procura das importações, através de um modelo com Mecanismo de Correção de Erros. Este modelo permitiu-nos desintegrar as elasticidades de curto e longo prazo das importações em relação ao rendimento e aos preços relativos. Mostramos que no período de 2011 a 2014 existiu, pela primeira vez, o efeito substituição das importações, complementando um maior efeito do rendimento observado no mesmo período. Embora modesta, esta substituição das importações deve ser vista como um sinal positivo de uma mudança estrutural na economia que deverá ser consolidada nos próximos anos e reforçada com uma solida e sustentável dinâmica exportadora.
en
Portugal achieved an impressive external adjustment in the recent years, with a boost in exports e stabilization in imports. There has been some dispute on the nature of these adjustments, in particular for imports, as the gains in the current account were achieved in a period of strong deme contraction. The contraction in global trade has been due largely to cyclical factors, although structural factors, such as global value chains, changes in deme components, protectionism e trade finance, may also have contributed to the effect. Using data for the period 1989-2014 e focusing on non-energy imports, we estimate an import deme function using an Error Correction Model. This allows us to disentangle the short- e long-run elasticities of imports with respect to income e relative prices. We show that in the period 2011-2014 there was, for the first time, a substitution of imports, reinforcing the large income effect observed during the period. Although modest, this substitution of imports should be seen as a positive sign of a structural change of the economy that must be reinforced in the coming years e coupled with solid e sustained export dynamics.