Título
Eu não pertenço aqui!: a perceção da frequência de discriminação no local de trabalho e as suas consequências para os jovens portugueses
Autor
Nunes, Sílvia Andreia Fontinha
Resumo
pt
Investigações na área do idadismo revelam que os jovens são um dos grupos da sociedade
mais estereotipados e sujeitos a atitudes negativas. Neste contexto, a psicologia social e a
teoria da identidade social têm dado um grande contributo para a compreensão do que está na
base das atitudes discriminatórias entre grupos. As respostas dos indivíduos que constituem
grupos discriminados dependem não só da perceção de frequência em que ocorre, mas
também da perceção da sua legitimidade.
O presente estudo teve como objetivo estudar os efeitos da frequência da discriminação e
perceção da sua legitimidade na identificação com o grupo e noutras variáveis organizacionais
e de saúde nos jovens, através da utilização de duas manipulações (frequente vs rara; legítima
vs ilegítima). Participaram neste estudo 85 jovens, com idades entre os 19 e os 35 anos. Os
resultados obtidos através da interação das manipulações não nos permitiram corroborar a
hipótese de que a perceção de legitimidade da discriminação modera a relação entre a
frequência da discriminação e as diversas variáveis dependentes do estudo (i.e., a
identificação com o grupo, o comprometimento organizacional, a satisfação com o trabalho, a
falta de realização pessoal, as intenções de saída da empresa e de emigrar e o bem-estar dos
jovens). Ainda assim, foram observados resultados importantes que nos ajudam a
compreender melhor quais as consequências da perceção da frequência da discriminação
sentida pelos jovens no local de trabalho. Um dos resultados com mais relevo traduz-se na
maior intenção de emigrar dos jovens quando percecionam a discriminação como sendo
frequente. A discussão deste trabalho foca-se no significado e implicações destes resultados
para os jovens e para a sociedade.
en
Ageism research has shown that young people are one of the most stereotyped groups in
society where they often have to endure negative attitudes. In this context, Social Psychology
and, Social Identity Theory more specifically, have contributed to the understanding of
discrimination between groups. According to this theoretical background, the responses of
individuals who face discrimination depend not only on the perceived pervasiveness of
discrimination but also on legitimacy appraisals.
This research aimed to study among young professionals the effects of perceived
pervasiveness of discrimination and legitimacy appraisals on ingroup identification and a
number of organizational and health variables. The study comprised two manipulations
(frequent vs. rare, legitimate vs. illegitimate) and participants were 85 young professionals
aged between 19 and 33 years old. Results did not show any interaction effects between the
two manipulations and thus did not support our prediction that legitimacy appraisals moderate
the relationship between perceived pervasiveness of discrimination and the study’s outcome
variables (i.e., ingroup identification, organizational commitment, job satisfaction, lack of
personal fulfillment, intentions to leave the company and the country, and well-being. Yet,
results revealed other important findings that have the potential of contributing to our
understanding of the effects of discrimination and legitimacy appraisals on young
professionals. Specifically, it was found that perceptions of pervasiveness of discrimination
increased the sample’s intentions to emigrate. Discussion focuses on the significance and
implications that these findings have for young professionals and society.