Analisam-se trajectos exemplares de desqualificação-requalificação social de mulheres seguindo três perspectivas sociológicas – desqualificação social; identidades sociais; lógicas de acção (integração, interacção, conhecimento- comunicação, utilidade-racionalidade limitadas, negociação-actualização). Discute-se, na tradição dos estudos sobre “pobreza”, a persistência de sete obstáculos epistemológicos e a formulação do problema pela negativa. Problematizando as dicotomias “identidades prescritas-exteriores-objectivas/assumidas-interiores-subjectivas” (Marx, Durkheim, Parsons e Bourdieu) e “pessoal/social” (Psicologia Social), identificam-se três problemáticas fundadoras da Sociologia das Identidades: abordagens dicotómicas; interesse pelas lógicas-competências dos actores ante potencialidades/condicionalismos (situações, relações, interacção, contextos) sociais; identidades como processos, objectivos e inter-subjectivos, de circunstancialização e temporalização sócio-identitários. Pelas biografias co-construídas – guiadas pela grounded theory, através do método qualitativo da escrita como praxis analítica e concebendo a Oralidade como “condição da co-construção da experiência social” –, identificam- se várias lógicas de acção e múltiplos territórios sócio-identitários nas fases de reacção, pela positiva, à desqualificação, realçando-se as estratégias de Risco, de Optimismo Realista e Sacrifício Estratégico. Conclui-se que os processos de requalificação sócio-identitária se processam pela negociação e mobilização de quatro recursos-capitais: situacionais, disposicionais, contextuais-societais e de subjectivação. Conclui-se que as identidades sociais são o modo de construção do actor em sujeito, mediante três componentes: interacção (não mero estado/cenário mas modo objectivo, interior e exterior, de negociação); negociação (modo objectivo, interior e exterior, de mobilização identitária); subjectivação (modo inter-subjectivo de construção do sistema de acção). Portanto, e finalmente, conclui-se que na modernidade tardia – sistema de acção intersubjectivo, co-construído pela “actualização das Memórias Colectivas” ou Oralidade – apenas um conhecimento incorporado, implicado e subjectivado permite interpretar, sociologicamente, as desigualdades.

By the qualitative analysis of desqualification-requalification women live’s – guided by the grounded theory through the “writting as an analitical praxis qualitative-method’s” – I follow three sociological perspectives: social desqualification, social identities, meanings of the social action (integration, interaction, limited utility-racionality, negociation, etc). I argue that the “poverty studies tradiction’s” carry on seven epistemological and positivistic obstacles as well the problem formulation’s on negative terms. Discussing the oppositions “determined-external-objectives identities/assumed-internal-subjectives identities” (Marx, Durkheim, Parsons e Bourdieu) and “personnal/ social” (Social Pshycology), I identify three theoretical contributors to the Sociology of the Identities. Defining that ‘oral discourses’ are “the condition to co-construct the social experience” I identify, through the co-created biographies, several meanings of the social action and social-identities territory’s implicated on the desqualification reaction fase’s – on positiv terms – and highlight same identity-strategies (Risc, Optimistic-Realism, Strategic-Sacrifice). Finally, I underline as central conclusions: i) the processes of the social-identities requalification’s are improved by the negociation and the mobilization of four identitary ressources-capitals: the situacional’s one, the disposicional’s, the contextual’s-societal’s, and the ressource-capitals of subjectivation; ii) the social identities are the way how the social actors becomes a social ‘sujet’, considering three components: the interaction (the objectiv way, internal-external, of the negociation); negociation (the objectiv way, internal-external, of the identity-mobilization); subjectivation (the inter-subjectiv way of the construction of the action system); iii) at the “later modernity” – concebed as un intersubjectiv action system, also co-created by Orality-Oral Discourses – only one grounded, implicatedengaged and inter-reflexive kwnoledge may help the sociologists to interpretate the social inequalities.