Título
O papel da identidade organizacional na mudança estratégica em matéria de ambiente: estudo de caso no setor químico português
Autor
Branco, Olga Alexandra Romão
Resumo
pt
Os valores sociais e imposições institucionais têm servido como base para as organizações definirem a
sua identidade ecológica e os padrões de atuação em matéria de ambiente. Contudo, com a abertura ao
comércio internacional em contextos tecnologicamente sofisticados e com elevada taxa de mutação, como
são os do setor químico e farmacêutico aqui estudado, torna-se difícil às organizações estabelecidas
alcançarem vantagem competitiva através do isomorfismo, havendo algumas que optam pela
diferenciação. O objetivo que conduziu esta investigação foi perceber o que é que leva a que algumas
organizações se desvinculem dos padrões de atuação ecológica dominantes do campo institucional e
adotem uma estratégia proativa (renovação voluntária das estratégias ambientais), enquanto outras
adotam uma estratégia reativa (conformam às normas e/ou renovam as estratégias ambientais com base
em acontecimentos externos), bem como perceber como é que tal acontece.
Sabendo que a atuação proativa em matéria de ambiente depende sobretudo da ideologia organizacional
que se aproxima da sua razão de ser, investigámos a Identidade Organizacional (IO) que é aquilo que a
organização tem de central, distinto e que se perpetua, e que aplicada à sustentabilidade ambiental
corresponde ao modo como a organização se define com base na sua atuação ecológica e como é que
aspira ao seu desenvolvimento.
Escolheram-se duas multinacionais pertencentes ao mesmo setor (químico-farmacêutico) e com outras
semelhanças entre si, mas que apresentavam estratégias ambientais diferentes: uma delas proativa e a
outra reativa. Do ponto de vista metodológico, optou-se pela realização de estudos de caso múltiplos.
Numa primeira abordagem, a IO foi investigada do ponto de vista processual em retrospetiva. Numa
segunda, foram investigados os conteúdos da IO através da Laddering-Technique, permitindo ultrapassar
a desejabilidade social e efetuar a representação dos valores centrais e distintos que compõem a IO
recorrendo ao mapeamento.
Em termos gerais, a teorização que resultou demonstra que a atuação ecológica por parte das organizações
depende diretamente da IO, quer dos seus processos (capacidade de desenvolvimento da identidade
ecológica), quer dos seus conteúdos (como é que pensa a sustentabilidade). Ainda que esta proposta não
afaste a influência das pressões externas, designadamente do nível de complexidade do campo
institucional, verifica que o que mais condiciona a atuação ecológica proativa é a capacidade de
desenvolver a IO mediante um estilo informativo e de pensar a identidade como um fim em si mesmo.
De facto, é a capacidade da organização se renovar e estender o nível de abrangência da sua identidade,
bem como ter a sustentabilidade como aspiração identitária, os maiores condicionantes. O facto da
atuação proativa resultar da ambidestria estrutural (coexistência das estratégias explore e exploit)
ancorada na IO, dá algumas pistas em relação à mudança que tem de ocorrer para que as organizações
possam evoluir de normativas para proativas na estratégia ecológica. Pelo facto de se assumir que o
processo de formação e mudança da identidade ecológica resulta da capacidade evolutiva, identificam-se
os microprocessos responsáveis e sugerem-se alguns fatores potencialmente influentes.
en
Social values and institutional constraints have served as a basis for organizations to define their
ecological identity and standards of practice regarding the environment. However, with the openness of
international markets in sophisticated technology contexts with high mutation rate, such as in the
chemical and pharmaceutical industries, it is difficult for incumbent organizations to achieve competitive
advantage through isomorphism, and then some opt for differentiation. The question that drove this
research was to understand what takes some organizations to untie themselves from the dominant
ecological performance standards of the institutional field and implement a proactive strategy (voluntary
renewal of environmental strategies), while others accommodate and adopt a reactive strategy (meet the
legal requirements and/or renew environmental strategies based on external events), as well as
understanding how that happens.
Knowing that proactive action on the environment is rooted in the values and organizational ideology,
that are closer to its reason for being, we investigated Organizational Identity (OI) that, according to its
proponents, is what is central, distinctive and enduring in organizations, and that, when applied to
environmental sustainability, corresponds to the way the organization thinks about its own ecological
performance and how aspires to its development
Two multinationals were chosen from the same sector (chemical-pharmaceutical) and with other
similarities between them, but having different environmental strategies: one proactive and another
reactive. From a methodological viewpoint, we opted for the realization of multiple case studies. In the
first, the OI was investigated from a processual perspective with a retrospective approach. In the second
case study, we researched the OI contents by using the Laddering-Technique, which allows overcoming
social desirability and representing the central and distinct values that compose OI through mapping.
Overall, the resulting theory demonstrates that organizations’ ecological behavior depends directly on the
OI, both from its processes (ecological identity development capacity), as well as from its contents (how
does it conceives sustainability). Although this proposal does not discard the influence of external
pressures, such as the level of complexity of the institutional field, finds that what most affects the
proactive environmental performance is the ability to develop the OI by means of an informative style
and thinking identity as an end in itself. Indeed, it is the organization's ability to renew itself and extend
the level of coverage of its identity, as well as having sustainability as an identity aspiration, which are
the major constraints. The fact that a proactive role is an outcome of structural ambidexterity (coexistence
of the explore and exploit strategies) anchored in OI, gives us some clues regarding the change that has
to occur, so that organizations can evolve from normative to proactive, in terms of ecological strategy.
This change, although profound, needs not be radical, by accumulating ecological identity contents, rather
than getting rid of them. Since it is assumed that the ecological identity formation process is a
consequence of evolutionary capacity, we identify the responsible micro processes and suggest some
potential influential factors