Esta investigação analisa e avalia a estrutura morfológica do tecido urbano de Lisboa, presente nos planos de reconstrução da parte baixa da cidade destruída, como consequência do terramoto de 1 de Novembro de 1755. Para tal, procede-se a uma leitura de fontes primárias e de cartografia da segunda metade do século XVIII. O método de análise proposto baseia-se na pesquisa em arquivos e no tratamento de toda a informação, através da catalogação das principais cartas estudadas e da sua interpretação, com recurso a desenho computorizado e normalização das várias escalas. Este trabalho revela que, contrariamente ao que é afirmado por diversos autores, nem todas as cartas foram desenhadas considerando o palmo com o valor métrico de 22 cm. Há ainda a registar a descoberta de várias versões de planos, as quais também são analisadas e comparadas. Toda a análise incide numa interpretação da cidade através do estudo do seu espaço público e dos elementos que o compõem (espaços de circulação e áreas de permanência), sistematizando-se o processo de análise da forma urbana sobre a cartografia antiga. Desta forma, a pesquisa centra-se na avaliação comparativa do espaço público, nos vários planos propostos para a reconstrução de Lisboa, recorrendo à quantificação dos elementos que o constituem. Este trabalho mostra que as propostas de espaço público dos novos planos reequacionam situações anteriores de morfologia urbana e confirmam a perenidade dos espaços públicos. Muitos dos espaços de permanência analisados (praças, largos ou adros) retomam, da situação anterior ao terramoto, o seu local de implantação original, a sua forma e ainda a sua área. Confirma-se assim que, no estudo do desenho da cidade, existem elementos urbanos mais persistentes ao longo do tempo, os quais constituem, no fundo, a estrutura da malha urbana.

This research analyses and evaluates the morphological structure of the urban fabric of Lisbon, present in the reconstruction plans of the lower downtown of the destroyed city in the aftermath of the earthquake of November 1st, 1755. To this effect, we make a reading of primary sources and cartography from the second half of the XVIII century. The proposed methodology is based on the research in archives and on the treatment of data, through the cataloguing of the main maps, and their interpretation with the help of computer aided design and scale normalisation. This work reveals that, on the contrary to what is affirmed by several authors, not all of the maps where designed using the same unit of measure: the “palmo” with 22 cm. Furthermore, we discovered the existence of several different versions of the reconstruction plans, which are analysed and compared. The analysis is carried out by means of an interpretation of the city through the study of its public space and its elements (circulation spaces and permanence areas), presenting a systemic process of analysis of the urban form with respect to old cartography. Insofar, the research is centred in the comparative evaluation of the public space over the several proposed plans for the reconstruction of Lisbon, using quantitative measurements of the elements that constitute it. This work shows that the proposed public spaces in the new plans recover previous urban morphology situations and confirm the perennial nature of the public spaces in the evolution of the city. Many of those studied spaces (squares, “largos” or “adros”) recover their implantation place, their form, and their area from the pre-earthquake placement. We confirm that when studying the city design, there are urban elements that are persistent over time, and which constitute, in reality, the foundational structure of the urban morphology.