Na presente tese, o ajustamento dos jovens é explorado considerando os problemas psicológicos e o bem-estar, e integrando factores explicativos de natureza diversa, nomeadamente, individuais, socio-cognitivos, relacionais, e socio-ecológicos. A literatura com jovens acolhidos institucionalmente tem-se focado mais na psicopatologia e menos no bem-estar. Adicionalmente, mais evidência é necessária considerando o papel do mau trato prévio no ajustamento, e especificamente, através de estudos longitudinais. Finalmente, o foco tem sido no ajustamento a partir de uma perspectiva desenvolvimental, não tendo sido integrados modelos da psicologia social ou do ambiente. Para responder a estes problemas da literatura, foram desenvolvidos três estudos. O primeiro (longitudinal; quantitativo) revelou diferentes resultados na relação entre mau trato prévio e psicopatologia atual, em função do informante (jovens vs educadores). Foram ainda analisadas e discutidas um conjunto de variáveis individuais e da história de acolhimento. A evolução da psicopatologia durante um ano de acolhimento foi também analisada e foram identificados moderadores individuais. O segundo estudo (transversal; qualitativo) descreveu um modelo enraizado centrado na relação entre direitos percebidos e dificuldades psicológicas. Este modelo foi substanciado no terceiro estudo (transversal; quantitativo), tendo-se observado efeitos de moderação e mediação de variáveis socio-cognitivas e relacionais. A relação entre direitos e bem-estar psicológico foi também explorada, considerando-se o papel mediador da vinculação ao lugar. Os resultados reforçam o papel positivo destas variáveis socio-ecológicas no bem-estar psicológico. Finalmente, um modelo de saúde mental de dois fatores foi testado, reforçando a necessidade de considerar simultaneamente dificuldades psicológicas e bem-estar na análise do ajustamento dos jovens.

In the present thesis, youth’s adjustment is explored considering psychological problems and well-being, integrating diverse explanatory factors, namely, individual, socio-cognitive, relational and socio-ecological. Literature with youth in residential care tends to be more focused on psychopathology than on well-being. Also, more evidence is needed on the role of previous maltreatment on adjustment, and specifically, through longitudinal studies. Finally, the focus has been mainly on a developmental perspective of adjustment and models from the social or environmental psychology have not been integrated. To address these research problems, three studies were developed. The first study (longitudinal; quantitative) provided different findings on the relationship between previous maltreatment and current psychopathology, according to the informant (youth vs educators). In addition, a set of individual and placement history variables were analyzed and discussed. Psychopathology progresses across one year in care were also examined and individual moderators were found. The second study (cross-sectional; qualitative) described a grounded model on the relationship between perceived rights and psychological difficulties. This model was substantiated in the third study (cross-sectional; quantitative), which showed evidence about the moderator and mediator effects of socio-cognitive and relational variables. The relationship between rights perceptions and psychological well-being was also explored, considering the mediator role of place attachment. The results highlight the positive role of these socio-ecological variables on the psychological well-being. Finally, a dual-factor model of mental health was tested underpinning the need to consider together psychological difficulties and well-being in the youth’ adjustment analysis.